Brasília – Um dos 40 acusados no caso do mensalão, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) afirmou que as denúncias contra ele são absurdas.

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?Considero um absurdo essas denúncias, visto que a prova mais cabal da correção da conduta da Presidência da Câmara foi minha absolvição no plenário, posteriormente sendo o deputado federal mais votado do PT em São Paulo?, argumentou. Cunha é acusado de peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

O esquema do mensalão consistiria no pagamento de valores mensais a parlamentares para aprovar projetos de interesse do governo.

João Paulo Cunha prestou depoimento hoje (17) na Justiça Federal. Ele negou que tenha recebido R$ 50 mil para favorecer a empresa SMP&B, do publicitário Marcos Valério de Souza, em licitação da Câmara dos Deputados em 2003, quando era presidente da Casa. Segundo Cunha, os R$ 50 mil foram solicitados por ele ao diretório nacional do PT para pagamento de pesquisas em municípios de São Paulo.

O deputado afirmou não saber que o dinheiro vinha de uma conta de Marcos Valério. Segundo ele, a prova é o fato de ter mandado sua esposa à agência do Banco Rural para sacar o valor. ?Um absurdo que querendo ocultar eu mandaria minha esposa?, disse.

Ele confirmou que no dia anterior ao saque recebeu em casa a visita do publicitário. Segundo o deputado, Marcos Valério foi cumprimentá-lo pelo sucesso na votação da reforma tributária. O advogado de defesa do réu, Alberto Toron, comentou que ?se houvesse qualquer propósito ilícito isso teria se dado ali e não com remessa de dinheiro por agência bancária?.

O deputado negou ainda que tenha tido qualquer participação na escolha dos membros ou interferência no trabalho da comissão que realizou o processo de licitação. Segundo ele, oito agências participaram da concorrência. O contrato firmado com a SMP&B, vencedora do processo, foi de R$ 9 milhões. João Paulo destacou que não houve ?recursos administrativos ou judiciais contra o resultado da licitação?.

Ele também disse não serem verdadeiras as acusações de que desviou em proveito próprio R$ 252 mil e recebeu R$ 536 mil da agência de Marcos Valério por meio da subcontratação de empresas de publicidade.

Antes de vencer a licitação para prestar serviços à Câmara, em dezembro de 2003, a agência de publicidade de Marcos Valério de Souza fez, no mesmo ano, a campanha de João Paulo Cunha para a Presidência da Câmara. Na ocasião, o serviço foi pago pelo PT com três cheques no valor de R$ 50 mil cada um, de acordo com o deputado.

A existência de um esquema que ficaria conhecido como mensalão foi denunciada em 2005 pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). O relator do caso no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, autorizou juízes federais de oito estados e do Distrito Federal a interrogar os acusados e receber a defesa prévia dos réus, como forma de agilizar o andamento.