Preso desde fevereiro deste ano após ser condenado no processo do mensalão, o ex-deputado federal Roberto Jefferson continua influenciando os rumos do PTB, partido que o mantém como presidente licenciado.
Em entrevista nesta quarta-feira, o presidente em exercício da legenda, Benito Gama, considerou que o esquema de corrupção de compra de votos no Congresso durante o governo Lula é uma “página virada” devido ao desfecho do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). No processo do mensalão, Jefferson foi condenado a sete anos e quatorze dias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
“Roberto Jefferson ainda é um grande líder político no partido. Ele tem evidentemente uma força dentro do partido. Sem dúvida alguma o grupo que o apoia dentro do PTB é majoritário”, ressaltou o dirigente que se elegeu como deputado federal nesta eleição.
Questionado sobre a participação de Jefferson nas tomadas de decisão, Benito disse que ela “ainda não” ocorre formalmente em razão de o delator do mensalão estar preso no momento.
“Não pode até porque há uma questão pessoal e institucional de que ele não pode participar ainda desse processo. Mas, do ponto de vista de influência política, os aliados dele dentro do partido realmente têm uma maioria”, ressaltou.
Em 27 de agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou pedido de prisão domiciliar feito pelos advogados de Jefferson. O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, rejeitou o pedido com base em laudo médico do Instituto Nacional do Câncer que atesta que, embora “seu estado clínico exija o uso continuado de medicamentos, não demanda sua residência domiciliar fixa”.
Governo Dilma
Na entrevista, Benito falou também sobre o posicionamento da legenda e da bancada no Congresso que na próxima legislatura contará com 25 deputados e três senadores. Nesta eleição presidencial, o PTB, num primeiro momento, sinalizou apoio à presidente Dilma Rousseff (PT), mas acabou seguindo com o candidato derrotado, Aécio Neves (PSDB). Benito ocupou a vaga de vice-presidente de governo do Banco do Brasil no primeiro mandato da petista.
O dirigente minimizou um possível racha dentro do PTB, em razão de o líder da bancada da Câmara, Jovair Arantes (GO), ter seguido um posicionamento contrário da cúpula e feito campanha para Dilma. “A liderança da Câmara é uma coisa e o partido é outra. A posição do partido vamos tomar em convenção e evidentemente vamos discutir isso dentro da bancada. Dissidências são normais.”
O dirigente descartou ainda a possibilidade de fusão com outros partidos, mas considerou que o PTB pode formar blocos no Congresso para poder ampliar as possibilidades de assegurar postos estratégicos como presidência de comissão e relatorias.