Um somatório de fatores, com destaque para as falhas humanas, muitas delas provocadas pela falta de treinamento do piloto Marcos Martins e do copiloto Geraldo Magela Barbosa para operar a aeronave Cessna 560 XL, contribuiu para o desastre de 13 de agosto de 2014, que matou também o então candidato do PSB à Presidência e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e mais quatro assessores.

continua após a publicidade

A aeronave que seguia do Rio de Janeiro para o Guarujá, no litoral de São Paulo, e caiu por vota de 10h, em Santos, cidade vizinha.

De acordo com relatório divulgado pela Força Aérea Brasileira (FAB) nesta terça-feira, 19, a indisciplina em voo, as péssimas condições meteorológicas na hora do acidente, o cansaço da tripulação e a falta de treinamento deles naquele modelo levaram a uma possível “desorientação espacial” – que fez os pilotos perderem o controle da aeronave, levando à sua queda. As investigações descartaram falha técnica da aeronave.

Ao apresentar o relatório, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) afirmou que as decisões do piloto e copiloto e o despreparo deles para manobras de emergência, na hora de arremeter o avião quando não conseguiram pousar e a curva brusca à esquerda, sem explicação, foram decisivos para a queda do avião.

continua após a publicidade

Mesmo tendo concentrado as investigações em falhas humanas, o chefe da investigação, coronel Raul de Souza, disse que “não é possível mensurar” o quanto este item contribuiu para o desastre, negando que tenha sido 100%.

‘Fadiga’

continua após a publicidade

O relatório apontou ainda que alguns dias antes do acidente o piloto relatou a amigos que “a operacionalidade do copiloto não era adequada, o que elevava a sua carga de trabalho”. A “fadiga” do piloto Marcos Martins foi um dos fatores contribuintes para o acidente, concluiu a FAB.

Em vários pontos da apresentação, o Cenipa falou sobre a falta da qualificação principalmente do copiloto, classificando-o como “passivo” e “desatento”, mas também citou que o piloto não tinha feito a adaptação de aprendizagem para aquela aeronave que estava voando, o que teria dificultado a sua expertise na hora de aplicar procedimento de emergência.

Apontou também que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 40 dias antes do acidente, já havia identificado que era necessária uma determinada habilitação para comandar aquela aeronave, mostrando que os dois não estavam com suas carteiras validada.

As investigações mostraram ainda que nos inúmeros contatos feitos entre o operador da Base de Santos e a tripulação, não houve informação para piloto e copiloto das péssimas condições de tempo. Por isso mesmo, uma das recomendações foi de que nos contatos estes problemas devem ser reforçados.

Um dos possíveis erros apontados é que o copiloto, ao verificar as condições do tempo, no Rio de Janeiro, o fez apenas às 8h e não repetiu o procedimento às 9h, 21 minutos antes da decolagem, quando as condições de tempo já haviam mudado completamente e as condições de visibilidade exigiriam outras condutas no procedimento de pouso.

O relatório apresentado informou ainda que o avião não caiu de barriga para cima, mas de cabeça, com uma velocidade que parecia estar em processo de subida e não de descida, o que demonstrou a desorientação espacial da tripulação. Também mostrou que não houve explosão antes de tocar o solo.

Os militares destacaram que o Cenipa “não busca culpados” em sua investigações, mas apenas causas contribuintes para fazer recomendações que evitem que outros acidentes possam ocorrer pelo mesmo motivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.