O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) criticou, em discurso em plenário, a decisão do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que impôs censura ao jornal O Estado de S. Paulo. O parlamentar também recriminou as declarações do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que, ontem, acusou o jornal de adotar “uma prática nazista” contra ele ao informar, na edição do jornal no domingo, que uma empreiteira pagou por dois imóveis usados pela família em São Paulo.

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“Já faz dias, quase que um mês, que o jornal O Estado de S. Paulo encontra-se censurado por ordem judicial emanada aqui do Distrito Federal. É incrível como num fato tão grave a própria Justiça, as instâncias superiores não tenham ainda se pronunciado. Não faz mal nenhum também dizer aqui desta tribuna que a reação democrática do País, de forma geral, é tímida, muito acanhada. Não se viu um manifesto, não se viu ainda reiterados protestos”, observou Vasconcelos.

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“Se permanece assim, amanhã um juiz singular, um desembargador de Estado, um desembargador do Distrito Federal, antes que se ouça a Corte, o Supremo, pode emitir decisões altamente perniciosas à circulação da matéria, da notícia, à livre notícia”, continuou o senador.

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Jarbas Vasconcelos também relembrou que a última vez que o jornal foi censurado os militares governavam o País. “Foi na ditadura que ocorreu uma censura terrível. Sem dúvida nenhuma e sem nenhum demérito para os outros jornais, o que mais sofreu na pele foi exatamente o Estadão, obrigado a publicar receitas culinárias e versos de Camões”, ressaltou.