Engajado na articulação da candidatura do governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República em 2014, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) oferece neste sábado (23), em sua casa de praia no Janga, no município metropolitano de Paulista (PE), o seu famoso “cozido”, em um almoço dedicado ao seu ex-desafeto, com quem esteve rompido por 20 anos. O fato é simbólico. A “turma do cozido” sempre foi motivo de pilhéria entre os seguidores de Miguel Arraes, avô do governador, e de Campos, os “eduardistas”.

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O rompimento entre eles se deu em 1992. Quando, em 1993, Jarbas se aliou à direita criando a “União por Pernambuco”, que o elegeu governador do Estado em 1994, Arraes foi taxativo: Jarbas havia escolhido “o caminho da perdição”. Neste contexto, “a turma do cozido” representaria, para o PSB, a escolha da direita, do fisiologismo.

Interlocutores de Eduardo Campos veem com tranquilidade o fato de o governador vir a integrar “a turma” que tanto criticou e da qual recebia críticas na mesma proporção. Além do vai e vem próprio da política, lembram que Eduardo se manteve no mesmo lado todo este tempo. Jarbas é que está retornando ao campo que deixou.

A reconciliação ocorreu no ano passado, quando Jarbas apoiou o candidato de Eduardo Campos à prefeitura do Recife, Geraldo Julio (PSB). Na visão de aliados de Jarbas, o almoço é um avanço na reconstrução do relacionamento pessoal entre os dois. O senador tem destacado sua admiração pela capacidade de Eduardo Campos – que ele reconhece não possuir – de administrar e fazer política nacional ao mesmo tempo e com desenvoltura.

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Da ala dos “autênticos” do PMDB, Jarbas é amigo pessoal do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), com quem o governador pernambucano se encontrou no dia 15, em São Paulo. O senador promete fazer o meio de campo para aproximar o socialista tanto de Serra quanto dos peemedebistas insatisfeitos com a última convenção do partido, que reconduziu o vice-presidente da República Michel Temer ao seu comando.

Ingredientes

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Prato regional que leva carnes de segunda e verduras, de cujo caldo é feito um pirão com farinha de mandioca, o cozido é preparado pelo próprio governador. O evento costuma ocorrer em ambiente descontraído, em torno de amigos e amenidades.

Foi “instituído” em 1999, quando Jarbas iniciou seu primeiro mandato como governador do Estado de Pernambuco. O encontro ocorre sempre no período de sol e praia – de setembro a março – em clima de confraternização. A única exceção foi em 2010, quando o cozido teve conotação exclusivamente política e foi oferecido a deputados estaduais.

Cerca de 50 pessoas – amigos e familiares de Eduardo Campos e de Jarbas – foram convidadas. A imprensa não terá acesso ao encontro, que tem início às 13 horas e se encerra no final da tarde. Somente os colunistas sociais dos três jornais locais irão participar.

O cozido começa a ser preparado no dia anterior. Nesta sexta-feira à noite, Jarbas já iria colocar no fogo as carnes duras – músculo, rabo de boi, pé de porco – para amaciar e apurar o caldo. Além do cozido, um peru também vai integrar o cardápio.