O procurador-geral da República Rodrigo Janot apontou, na cota da denúncia – expediente por meio do qual a Procuradoria sugere uma série de novas medidas – por obstrução de Justiça e corrupção passiva contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) que existem ‘fortes indícios’ de lavagem de dinheiro relacionados a empresas do senador Zeze Perrella (PMDB-MG).

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A Tapera Participações, que está em nome do filho do parlamentar, foi a destinatária de parte dos R$ 2 milhões entregues pela JBS a Aécio, sustenta Janot. O repasse foi filmado e gravado em ação controlada da Polícia Federal.

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Nesta semana, a reportagem revelou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) comunicou à Procuradoria-Geral da República a identificação de movimentações ‘suspeitas’, nos últimos três anos, que totalizaram R$ 21 milhões nas contas de empresas ligadas ao senador Zeze Perrella (PMDB-MG). Entre elas, estão um saque de R$ 103 mil de Gustavo Perrella, filho de Zeze, no dia seguinte à ação controlada em que Mendherson Souza, assessor do senador, recebeu malas de dinheiro de Frederico Pacheco, primo de Aécio – pouco antes, ele havia pego os valores com o diretor de relações Institucionais da J&F Ricardo Saud.

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Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) também vê indícios de lavagem de dinheiro do ‘motorista’ do senador Zeze Perrella (PMDB-MG). O documento apontou que a movimentação de recursos da conta de Braulio de Campos Pimenta, em agência do Congresso, é ‘incompatível com o patrimônio e em benefícios de terceiros’.

Na denúncia, Aécio e Andrea são acusados de corrupção passiva. O tucano também foi denunciado por obstrução de Justiça.

Já na cota da denúncia, onde pediu novo inquérito contra Aécio por propinas de R$ 60 milhões da JBS, no âmbito das eleições de 2014, Janot também afirmou que os fatos relacionados à Tapera Participações, que teria recebido parte dos R$ 2 milhões da JBS a Aécio, precisam ser ‘melhor investigados’.

“Essas evidências demonstram que há fortes indícios de que a empresa ENM Auditoria e Consultoria e a empresa Tapera Participações e Empreendimentos Agropecuários Ltda são utilizadas como instrumento de lavagem de dinheiro de recursos recebidos ilicitamente”, afirma o procurador-geral da República.

Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, acionista da JBS. Os valores teriam sido repassados ao primo do senador, Frederico Pacheco, o Fred, e as primeiras tratativas teriam sido realizadas pela irmã do senador, Andrea Neves – estão em posse da Polícia Federal a filmagem dos repasses ao suposto receptor do tucano e conversas de WhatsApp com as solicitações de Andrea.

Apesar de justificar que os R$ 2 milhões seriam para bancar advogados de defesa, o dinheiro foi transportado para Mendherson Souza, assessor de Zeze Perrella (PSDB-MG).

A Procuradoria Geral da República aponta ‘fortes indícios’ de que Mendherson levou o montante à Tapera.

Relatório da Polícia Federal também dá conta de que o ex-assessor de Perrella teria escondido R$ 480 mil na casa de sua sogra, em Nova Lima, no interior de Minas. Os valores foram apreendidos. Segundo a PF, a sogra não tinha conhecimento do conteúdo dos recipientes escondidos em sua casa pelo genro.

Defesa

Com a palavra, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Zeze e Gustavo Perrella:

“Há um erro no relatório do Coaf onde fala que o Guilherme Perrella fez um saque na conta da Tapera. Embora ele seja um dos donos da Tapera, está há um ano e meio afastado. 100% da Tapera quem cuida é o Mendherson. Nem ele [Guilherme], que é o responsável no papel, nem o Zeze, que é o beneficiário da empresa, nunca mexeram com a Tapera. O Guilherme nunca foi ao banco e não sabia sequer qual era o banco que a tapera tinha conta. Esse é o motivo maior desse erro do Ministério Público. Esse dinheiro dos R$ 2 milhões que foram transacionados entre o Mendherson e o Fred de uma maneira 100% desconhecida do Zeze e do Gustavo”.