O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual recomenda a rejeição de queixa-crime proposta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Na ação, Lula aponta que o parlamentar praticou delitos de calúnia, injúria e difamação ao chamá-lo de “bandido frouxo”. Para Janot, contudo, as afirmações estão dentro do “âmbito de exercício” do mandato de Caiado, protegido por imunidade parlamentar.

continua após a publicidade

Em fevereiro, o senador escreveu no Twitter mensagem chamando o ex-presidente de “bandido frouxo”. “Lula e sua turma foram pegos roubando a Petrobras e agora ameaça com a tropa do MST do Stédile e do Rainha para promover a baderna. Lula quer promover a instabilidade democrática de forma idêntica ao que ocorre na Venezuela com o ditador Maduro soltando seus coletivos”, escreveu o parlamentar na rede social.

As afirmações de Caiado faziam referência a um pronunciamento feito por Lula sobre convocação de integrantes de movimentos sociais, como o Movimento dos Sem Terra (MST), para realizarem atos em defesa da Petrobras e do governo da presidente Dilma Rousseff. As manifestações seriam uma resposta a protestos agendados contra a corrupção.

Em parecer ao Supremo, Janot afirma que Caiado encontra-se protegido pela imunidade parlamentar, “uma vez que as expressões ofensivas proferidas por ele contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão relacionadas ao exercício do seu mandato parlamentar”.

continua após a publicidade

“A mensagem impugnada faz menção aos escândalos de corrupção na Petrobras, abordando, pois, tema político de repercussão nacional e internacional. Por esse motivo, o assunto acabou inserido no bojo do debate político que permeia o exercício da atividade do parlamentar. Ademais, o embate de ideias também recai sobre o mote das manifestações populares recentemente ocorridas em nosso País, que também se apresenta como relevante assunto de viés político”, escreveu o procurador.

Janot considerou ainda na manifestação ao STF que Caiado usa as redes sociais para divulgação das atividades como parlamentar. Por isso, embora a manifestação tenha se dado fora do Senado, está “conectada ao seu mandato”.

continua após a publicidade

Na ação proposta pelos advogados de Lula ao STF, em julho, a defesa argumentou que o tipo de afirmação feita por Caiado extrapola a imunidade parlamentar e configura uma grave ofensa ao ex-presidente. O caso está sob relatoria do ministro Luiz Edson Fachin, que irá analisar a queixa-crime de Lula e o parecer de Janot.