O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para juntar ao inquérito que tramita contra o presidente Michel Temer o relato de um delator do grupo J&F que ainda não fazia parte do processo. Trata-se da afirmação de Florisvaldo Caetano de Oliveira de que entregou R$ 1 milhão ao coronel aposentado João Babtista Lima, ligado ao peemedebista. A PGR suspeita que Temer seria o destinatário destes recursos.

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No anexo 42 da delação de Florisvaldo, o delator diz que entregou, a mando de Ricardo Saud, R$ 1 milhão em espécie em um escritório em São Paulo “de alguém ligado a Temer”. O endereço é o da empresa Argeplan, que pertence a João Batista Lima, amigo do presidente da República.

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Florisvaldo contou que foi duas vezes ao local. Na primeira vez, para conhecer e falar com a pessoa que se diz “coronel” e combinar a forma de entrega. Na segunda vez, para indicar o valor de R$ 1 milhão de reais.

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Coronel da Polícia Militar aposentado, João Baptista Lima já foi assessor de Temer e frequenta a residência do presidente da República. Os dois se encontraram na casa do peemedebista em São Paulo, por exemplo, dias após a divulgação das delações premiadas de executivos da Odebrecht. A sede da empresa de arquitetura da qual Lima é sócio, Argeplan, em São Paulo, foi um dos alvos de busca na operação Patmos. A empresa faz parte de um consórcio que ganhou concorrência para executar serviços relacionados à usina de Angra 3 – cujas obras são investigadas na Operação Lava Jato.

O pedido de Janot foi feito no dia 29, após a apresentação da denúncia contra o presidente Temer e ao ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) pelo crime de corrupção passiva no caso da mala de R$ 500 mil entregues pela JBS a Loures. A investigação que segue aberta contra o presidente é sobre outros possíveis crimes. Janot prepara uma denúncia a Temer pelo crime de obstrução à investigação de organização criminosa.

Cunha e outros

Florisvaldo também faz citações a outros políticos, como Eduardo Cunha, que teria recebido dinheiro por meio de Altair Alves. E que entregou “por diversas vezes dinheiro em espécie a Dante (Funaro)”, irmão do doleiro Lucio Funaro, e pelo menos uma vez a Roberta Funaro, irmã de Lúcio.

Com relação a Cunha, Janot pediu que seja autorizado o envio da delação de Florisval à Procuradoria da República no DF e à Procuradoria da República no Paraná “para a instrução dos inquéritos e ações penais”.

“Vê-se que o termo objeto dos autos interessa a inúmeras investigações e ações em curso”, disse Janot, pedindo um encaminhamento específico para cada uma das citações de Florisvaldo, envolvendo valores destinados a Marta Suplicy, a Antônio Miranda e a Davi Mariano, dono da empresa DMS Participação Consultoria, a Ivanildo Miranda e a João Baerts, ligados ao governo do Mato Grosso do Sul, ao deputado federal Zeca do PT (PT-MS), ao senador Antônio Carlos (PSB-SE), por meio de seu genro; e a Pedro Nadaf ex-secretário chefe da Casa Civil do governo de Mato Grosso”, disse Janot em seu pedido a Fachin.