O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou uma carta aos membros do Ministério Público Federal para apresentar sua inscrição no processo que pode mantê-lo no cargo por mais dois anos. A carta foi distribuída internamente aos membros do MPF nessa segunda-feira, 15, quando Janot apresentou sua candidatura.

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No documento, o procurador diz que decidiu se candidatar porque acredita que “ainda posso contribuir com nossa Instituição e servir à sociedade brasileira”. Ele reconheceu ainda que o momento é crítico para o Ministério Público e para a sua recondução. “Consciente do momento grave e das ameaças que pesam sobre a Instituição, sigamos compartilhando a estrada. Ela está muito mais pavimentada. Sinto-me, mais do que nunca, capacitado a continuar”, disse.

O procurador reconheceu que o momento de críticas alterou a rotina da instituição. “O surgimento de cenários externos críticos – em especial o que tomou muitos de nossos dias e noites, no combate à corrupção -, incontornavelmente, afetou a escala de prioridades para os ajustes devidos. Nenhuma turbulência, porém, é perene nem todos os males duram para sempre. Devemos voltar nossa atenção para dentro e sair fortalecidos”, ponderou.

Janot tem recebido fortes críticas dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ambos investigados na Operação Lava Jato, conduzida pelo Ministério Público Federal. Além deles, o senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) também tem dirigido críticas ao procurador-geral e entrou com representações no Senado. Internamente, Janot enfrentou protestos também pela falta de reajuste do salário de servidores.

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O procurador-geral fez um balanço de sua gestão no comando no Ministério Público dizendo que “ousamos quebrar paradigmas, relegar o que já não nos oferecia respostas adequadas e lançar mão de novos modelos que muitos ansiavam ver implementados”, citou.

Além disso, Janot disse que as críticas “fazem parte da caminhada” e que serão bem-vindas, “pois tenho a convicção de que, sem participação de todos os valores humanos de nossa classe, quase nada do considerável patrimônio de ganhos e de respeito que construímos teria sido possível”, escreveu.

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O procurador-geral prometeu ainda apresentar suas propostas de campanha até o dia 5 de agosto, com a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) realiza uma votação que resultará em uma lista tríplice, formada pelos três candidatos mais votados entre os quatro que se inscreveram no processo seletivo. “Seguirei cumprindo, portanto, todos os deveres inerente ao cargo de Procurador-Geral da República, ainda que isso possa implicar prejuízo à campanha pela recondução”, escreveu o procurador-geral.

Depois da votação uma lista com três nomes é apresentada à presidente Dilma Rousseff, que escolherá um dos candidatos para ocupar o cargo de procurador-geral. O nome indicado por Dilma passa ainda por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e por aprovação pelo Plenário do Senado. Além de Janot, concorrem ao cargo os subprocuradores Mário Bonsaglia, tido como aliado ao atual chefe do MPF, Raquel Dodge e Carlos Fredericos, sendo os últimos candidatos de oposição ao procurador-geral.