O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira, 7, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é o mais “desqualificado” que já passou pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Em entrevista à Rádio Gaúcha, o ministro também disse que certamente o STF vai reavaliar o acordo de colaboração premiada firmado pela PGR com os irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo J&F.
“Quanto a Janot, eu o considero o procurador-geral mais desqualificado que já passou pela história da Procuradoria. Porque ele não tem condições, na verdade ele não tem preparo jurídico nem emocional para dirigir algum órgão dessa importância”, disse o ministro à “Rádio Gaúcha”.
Procurada pela reportagem, a PGR ainda não se pronunciou.
Na avaliação de Gilmar Mendes, o plenário do STF certamente vai reavaliar o acordo de colaboração premiada firmado com os irmãos Joesley e Wesley Batista, que embasou a denúncia apresentada por Janot contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva.
“Tenho absoluta certeza de que o será. Como agora a Polícia Federal acaba de pedir a reavaliação do caso do (ex-presidente da Transpetro) Sérgio Machado, que é um desses casos escandalosos de acordo. Certamente vai ser suscitado em algum processo e será reavaliado”, comentou Gilmar Mendes.
No caso do ex-presidente da Transpetro, a Polícia Federal concluiu que Machado “não merece” os benefícios da delação premiada. Em relatório de 59 páginas enviado ao STF, a delegada Graziela Machado da Costa e Silva desqualificou a colaboração de Machado, que gravou conversas com caciques do PMDB.
Repercussão
Em nota, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) repudiou as declarações de Gilmar Mendes, considerando “deplorável” que um ministro do STF “esqueça reiteradamente de sua posição para tomar posições políticas (muito próximas da política partidária) e ignore o respeito que tem de existir entre as instituições, para atacar em termos pessoais o chefe do Ministério Público Federal”.
“Não é o comportamento digno que se esperaria de uma autoridade da República. O furor mal contido nas declarações de Gilmar Mendes revela objetivos e opiniões pessoais (além de descabidas), e não cuidado com o interesse público”, diz a nota, assinada pelo presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti.
Para Robalinho Cavalcanti, o trabalho de Janot em quatro anos de mandato “foi sempre impessoal, objetivo, intimorato e de qualidade” e “não por outro motivo tem o apoio da população brasileira”.