Foto: Wilton Junior/Agência Estado |
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Ex-presidente recebeu Garotinho em Juiz de Fora e deu seu recado: não vou amassar barro. |
O ex-presidente e ex-embaixador do Brasil na Itália, Itamar Franco, anunciou ontem que também quer disputar a Presidência da República pelo PMDB. Ao lado do pré-candidato a presidente Anthony Garotinho (PMDB), que pleiteia a vaga, caso o partido decida pela candidatura própria, Itamar disse que resolveu levar o próprio nome para a convenção da legenda, no início de junho. Garotinho foi a Juiz de Fora (MG) para confirmar os rumores de que o ex-embaixador do Brasil na Itália também se candidataria. Itamar não só confirmou como disse que gostaria que ele fosse o primeiro a saber. Antes de Garotinho, o ex-embaixador do Brasil recebeu a visita do ex-deputado José Dirceu (PT-SP).
"Eu e Garotinho temos métodos e processos diferenciados na nossa vida política. Hoje, eles encontram uma vertente. Nós dois defendemos que o PMDB nacional tenha candidatura própria. O importante nesse instante é o somatório de forças", disse Itamar, citando como algumas diferenças o fato de o ex-secretário de Governo e Coordenação do Estado do Rio ter dialogado com o PDSB. "Eu não tenho diálogo e nem sei se vou ter."
Garotinho evitou criticar a decisão dele e afirmou que a pré-candidatura fortalece dentro do PMDB a tese da candidatura própria. "Nossa conversa foi breve, mas ficou claro que temos o mesmo projeto: dar ao Brasil uma chance de não votar nem no PT nem no PSDB. Uma chance de ter um outro caminho", disse, acrescentando que agora os governistas não poderão ser contra a candidatura da sigla apenas por ser contra a figura dele.
Garotinho também propôs, a exemplo do que fez com o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), uma espécie de pacto de não-agressão. "De mim, não partirá nem um tipo de declaração contra o direito democrático de qualquer filiado do PMDB se inscrever para a convenção, ainda mais um filiado como o ex-presidente Itamar Franco." O ex-secretário de Governo e Coordenação do Estado, no entanto, não conseguiu esconder que sentiu o revés, mas reafirmou que não desistirá. "A minha peregrinação, desde dezembro de 2004, tem sido uma corrida de obstáculos. Isso é mais um obstáculo que vamos enfrentar", afirmou.
O encontro no escritório do ex-embaixador no centro da cidade foi rápido, durou menos de 20 minutos. "Ele perguntou-me se era candidato e eu disse que sim. Ele também é. Para que a gente vai ficar amassando barro?", disse Itamar, brincando com uma expressão bem mineira. O ex-embaixador afirmou que Garotinho não propôs que ele fosse candidato a vice-presidente na chapa e que não aceitaria. Itamar citou o pré-candidato a governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB) e o senador Pedro Simon (PMDB-SP) como os quadros da agremiação mais próximos a ele, mas evitou dizer quem o convenceu a entrar na disputa. "Foi Ele lá em cima", disse, bem-humorado.
O ex-embaixador admitiu que, horas antes da visita do ex-secretário de Governo e Coordenação, recebeu também ontem Dirceu no escritório. O encontro teria durado cerca de uma hora e 30 minutos. Com certo embaraço, Itamar disse que os dois são amigos e se falam, periodicamente, desde a época em que eram ministro e embaixador. "Foi uma visita de cortesia", disse.
