Torrando dinheiro

Irmão do governador gasta verba do Paraná em Brasília

A bancada de oposição deve apresentar pedido de informação nos próximos dias sobre as contas do Escritório de Representação do Paraná em Brasília. Dados do portal Gestão do Dinheiro Público mostra uma elevação de 46% nos gastos do escritório depois que Eduardo Requião, irmão do governador Roberto Requião (PMDB) assumiu a pasta. Dos R$ 636 mil gastos em 2008, a despesa do escritório saltou para R$ 931 mil no ano passado.

Os deputados de oposição foram munidos de informação pelo vereador de Curitiba Professor Galdino (PSDB). Soldado tucano, como se auto-intitula, Galdino fez varredura nas contas do escritório divulgadas na internet e achou estranho a fato de a maior parte dos recursos da secretária terem origem nas estatais do Estado, como Copel, Sanepar, Detran-PR e a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), administrada por Eduardo até que a súmula vinculante anti-nepotismo do Supremo Tribunal Federal (STF) o afastasse do cargo.

O aluguel do prédio, R$ 18 mil, é pago mensalmente pela Copel. Da Sanepar, o escritório recebeu R$ 144 mil, contabilizados como despesas de representação. A Companhia Paranaense de Habitação (Cohapar) forneceu, no ano passado, R$ 60 mil, para convênios e serviços terceirizados. Do Detran, foram outros R$ 166 mil , com assistência técnica.

Outros R$ 86 mil vieram da ParanáCidade e R$ 75 mil da Celepar. Mas o maior volume de recursos saiu da Appa, antiga autarquia de Eduardo, que forneceu, no ano passado, R$ 200 mil ao escritório de Brasília, o valor faz parte de um repasse mensal, que variou de R$ 10 mil a R$ 20 mil no ano passado, definido pelo governo do Estado.

Galdino apontou, também, a “contribuição espontânea de, ao menos, dez empresas privadas. Três delas mantêm negócios com o Porto de Paranaguá: a Cattalini Terminais Marítimos, a Paraná Operações Portuárias (Pasa) e a Álcool do Paraná Terminais Portuários (Alcoopar)”. Eduardo Requião alegou que as despesas aumentaram porque aumentou a importância do escritório em Brasília.

“Deixamos de ser só um escritório de representação e passamos e ser uma Secretaria efetiva. Além disso, a Secretaria passou a ser um braço da TV Educativa, com programação produzida em Brasília”, disse.

Ele lembrou que a Secretaria não tem orçamento próprio por ser uma Secretaria Especial e não uma Secretaria de Estado e que, por isso, é sustentada com apoios dos outros órgãos. “Como nós damos apoio à Sanepar, à Copel, ao Porto, essas estatais colaboram com o nosso orçamento e a secretaria presta contas a estas instituições”.

Eduardo disse, ainda, que nenhuma empresa privada contribui com o escritório periodicamente. “Apenas quando estávamos reformando o escritório, algumas empresas que operavam no porto fizeram doações. Coisas como pintura, tapetes, móveis, piso, nenhuma doação ultrapassou R$ 20 mil”.

O secretário viu na denúncia “motivação política de um cidadão que não goza da plenitude da sanidade mental. Vou premiá-lo com um processo se ele insistir nessa brincadeira”.

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