O advogado Carlos Augusto Sobral Rollemberg, irmão do governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB), negou nesta quarta-feira, 15, que tenha recebido vantagens por “interferências” no governo do DF e afirmou, por meio de nota, que irá tomar as medidas judiciais cabíveis “diante de tanta injustiça e dos enormes danos sofridos”.
“Guto”, como é conhecido o advogado, é apontado pela Polícia Civil do DF como possuidor de “alta motricidade” perante a administração pública e responsável por “atuação fundamental” em uma organização criminosa investigada por tráfico de influência no governo para o favorecimento de empresas privadas.
As investigações acontecem no âmbito da Operação “12:26”, deflagrada no início de agosto.
“Apontado levianamente como integrante de uma suposta organização que visa obter favores do Governo, o inquérito não indica um único ato meu que pudesse ser enquadrado em algum tipo penal. A fragilidade e a inconsistência são gritantes e perceptíveis até mesmo para os leigos”, assinalou o advogado.
O advogado classificou as acusações da polícia como “um ardil político para tentar atingir o governador”. “Ainda que, para tanto, tenham de manchar, irresponsavelmente, sem nenhuma preocupação, a honra de um homem de bem.”
Para a Executiva do PSB-DF, o vazamento de parte do inquérito às vésperas do início da campanha eleitoral tem por objetivo impedir a reeleição de Rollemberg. Na avaliação do partido, parte da Polícia Civil é orientada por sindicalistas e faz campanha política contra a reeleição do governador.
“É revelador do maquiavelismo e da perversa ação política que parte da polícia civil se envolveu.”
“O Partido Socialista Brasileiro se solidariza com o governador Rollemberg e seu governo, repudia e denuncia a covarde e vil articulação política que envolve parte de integrantes da polícia civil, da imprensa leviana e daqueles políticos que já foram presos e que ainda tentam retornar ao poder. Não conseguirão!”
O Governo do Distrito Federal informou, em nota, que o contrato de aluguel de um prédio na 509 Norte, firmado pela gestão anterior, em que a parte solicitava pagamentos de atrasados e indenização por danos, não foi pago e o contrato extinto. Segundo o governo, a Casa Civil determinou a abertura de Tomada de Contas Especial (TCE).
“Quanto ao pagamento de R$ 1 milhão a um hospital, há de se registrar que, quando o atual governo assumiu, existiam serviços realizados por diversos fornecedores e não pagos da ordem de R$ 600 milhões, sem contratos. Ao longo dos anos foram regularizados os pagamentos, de acordo com a legislação. Hoje, esses serviços têm contratos.” De acordo com o GDF, o servidor Marcello Nóbrega, um dos investigados, pediu exoneração do cargo comissionado que ocupava na Secretaria da Casa Civil, Relações Institucionais e Sociais.
Em nota, o administrador regional do Lago Norte, Marcos Woortmann, informou que as apurações demonstrarão que cumpriu o dever que seu ofício o incumbe, de cuidado e atenção com a comunidade do Lago Norte.
“O Iguatemi solicitou aumento de sua taxa de edificação de forma pública, na Secretaria de Habitação e Gestão do Território, órgão competente para análise deste pleito, que é responsável por encaminhar a proposta da LUOS (Lei de Uso e Ocupação do Solo) para a Câmara Legislativa. A LUOS é exatamente o instrumento previsto em lei para ser o canal de discussão entre as cidades e o governo, e como representante do governo no território, sempre tenho inúmeras reuniões sobre a LUOS e vários outros assuntos de interesse da cidade, pois este é o trabalho de um Administrador Regional”, afirmou.
“Após o envio da proposta da LUOS (de todo o DF) à Câmara Legislativa, cabe àquela casa sua análise e alterações, como requer o princípio republicano de separação de poderes numa democracia. Assim, sugeri aos representantes do Iguatemi que procurassem apresentar seu pleito aos parlamentares que têm familiaridade com o Lago Norte – todos pessoas honestas e com anos de vida pública ilibada – algo que é seu direito, como é o de qualquer cidadão.”
O Shopping Center Iguatemi Brasília informou, por meio de sua assessoria, que todos os requerimentos inerentes aos planos de expansão do empreendimento foram devidamente protocolados atendendo aos trâmites legais.
A gestão Rollemberg informou ainda que o pleito da empresa de ampliar de 0,5 para 1,5 o potencial construtivo almejado não foi atendido. “Foram realizadas várias reuniões e audiências públicas, no âmbito da LUOS, e o Executivo não encaminhou qualquer alteração para a Câmara Legislativa do Distrito Federal. A demanda da revisão foi sobrestada pela Secretaria de Habitação e Gestão do Território (Segeth) até a conclusão das investigações.”
Roberto Carlos Silva, da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (Prodep), repudiou a publicização de elementos investigativos relacionados ao inquérito que deu origem à Operação “12:26”. “As informações não passaram pelo juízo de valor definitivo do Ministério Público e expôs indevidamente pessoas cujas condutas recebem a proteção constitucional da presunção de inocência”, disse.