No mesmo dia em que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu liminarmente a Operação Satiagraha, a Polícia Federal (PF) indiciou por corrupção ativa a empresária Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity. A PF atribui a Verônica envolvimento na tentativa de suborno do delegado Vitor Hugo Rodrigues Alves, a quem Dantas teria mandado oferecer US$ 1 milhão em troca do arquivamento da Satiagraha – inquérito sobre evasão e lavagem de dinheiro.

continua após a publicidade

O indiciamento ocorreu em 18 de dezembro, data em que o ministro Esteves Lima, do STJ, paralisou a Satiagraha, medida que alcança ações penais e inquéritos relativos à polêmica operação até julgamento de mérito do habeas-corpus por meio do qual a defesa do sócio-fundador do banco Opportunity pede anulação de todos os seus feitos alegando suspeição do juiz federal Fausto Martin De Sanctis.

Verônica ocupa função relevante no Opportunity. Ela já havia sido indiciada no inquérito principal da Satiagraha, no qual a PF lhe imputou seis crimes: lavagem, evasão de divisas, sonegação fiscal, quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e empréstimo vedado.

Além da irmã de Dantas foram enquadrados, também por corrupção ativa, os advogados Wilson Mirza e Pedro Rotta – ex-procurador da República e ex-desembargador federal. A eles a PF atribui papel de intermediários na aproximação do lobista Humberto Braz, suposto emissário de Dantas que teria sido encarregado de levar a oferta ao delegado.

continua após a publicidade

‘Desconcertante’

O advogado Wilson Mirza, estabelecido no Rio, se disse perplexo e revelou indignação. “É realmente desconcertante. Eu jamais participaria de ato criminoso. Minha história na advocacia tem mais de 50 anos de retidão e respeito à Justiça. Quando esses supostos encontros com o delegado da PF ocorreram eu nem estava no Brasil, tinha viajado para a França. Tenho comprovação do que digo. Eles me indiciaram sem que eu fosse intimado.”

continua após a publicidade