O ex-chefe da Defesa Civil de Salvador, Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) comprovante do pagamento da fiança de 50 salários mínimos para deixar o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Ele é um dos investigados cujas digitais foram identificadas no bunker dos R$ 51 milhões atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e ao deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

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O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na última segunda-feira, 13, reduzir a fiança de Ferraz e também de Job Ribeiro Brandão, ligado à família dos peemedebistas. A decisão atendeu a pedido dos advogados, que tiveram parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A fiança de Gustavo Ferraz passou de 100 para 50 salários mínimos, e a de Job baixou pela segunda vez, agora de 50 salários mínimos para 10, com uma redução de 2/3 para Job devido à situação econômica ruim que o investigado demonstrou. O ministro deu 24 horas para Ferraz fazer o pagamento.

A defesa de Ferraz informou ao ministro Edson Fachin que pagou a fiança. Os advogados informam que foi apresentada “petição (doc. 53 no Pje STF) e comprovante de pagamento da fiança (doc. 54 no Pje STF) em 13/11/2017”.

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“Todavia, devido um erro procedimental, o valor anteriormente depositado foi estornado. Diante disso, informamos que hoje foi realizado novo pagamento (comprovante em anexo)”, afirmam.

Operador

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As digitais do diretor da Defesa Civil foram identificadas nos sacos plásticos que envolviam os R$ 51 milhões no apartamento emprestado pelo empresário Silvio Antônio Cabral Silveira. Digitais de Geddel também aparecem nas notas de dinheiro da maior apreensão da história da Polícia Federal brasileira. Até mesmo a fatura da empregada do deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, foi achada no apartamento, que fica a apenas 1,2 km da casa do ex-ministro e de sua mãe.

Segundo o Ministério Público Federal, “Gustavo Ferraz foi identificado pela polícia como sendo pessoa que vem ocupando cargos de confiança vinculados aparentemente ao PMDB/BA e, ainda conforme consta na representação policial, é ligado politicamente a Geddel”.

A Polícia Federal anexou nos autos inclusive uma foto em que os dois aparecem, lado a lado, com a legenda: “FESTA DE YEMANJÁ COM O PRÓXIMO GOVERNADOR DA BAHIA”.

Ferraz, segundo os procuradores, “aparece como sendo pessoa que representa e representava (em diversas ocasiões) Geddel junto a Eduardo Cunha e a Altair (operador de Cunha)”.

Mensagens apreendidas no âmbito da Operação Cui Bono?, que investiga desvios de Geddel à época em que era vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff, entre o ex-ministro e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apontam para um encontro marcado no Hotel Clarion Faria Lima, em São Paulo.

“Na ocasião desse encontro (e, ao que tudo indica, em outros), firmam o compromisso de enviar pessoas para representá-los. A pessoa indicada por Eduardo Cunha seria Altair, enquanto Geddel indicaria Gustavo. Ao constatar o registro no Hotel Clarion, percebe-se que Altair Alves Pinto ficou lá hospedado, no quarto 1302, entre os dias 5 e 6 de setembro de 2012. Isso sugere que o encontro entre Altair e Gustavo pode ter realmente ocorrido e pode ter havido a retirada de dinheiro em espécie por este, a mando de Geddel Vieira Lima. Assim sendo, percebe-se a real possibilidade de Gustavo ter participado e continuar a participar das atividades ilícitas atreladas a Geddel Vieira Lima”, diz a Procuradoria.

No âmbito da Cui Bono?, Geddel e Eduardo Cunha são investigados por supostamente tomar propinas de empresas para a liberação de empréstimos bilionários da Caixa Econômica Federal.

Em delação, o doleiro Lúcio Funaro alega ter repassado R$ 20 milhões em dinheiro vivo ao peemedebista. A versão dele é corroborada pelo empresário Joesley Batista, da JBS.