A equipe do Instituto Lula decidiu abrir as portas da casa onde fica o setor administrativo, financeiro e de comunicação da entidade para mostrar os “estragos” deixados no prédio após as ações de busca e apreensão conduzidas pela Polícia Federal na última sexta-feira, 4, quando foi deflagrada a 24ª fase da Operação Lava Jato.
O prédio foi um dos alvos da ação, onde a PF apreendeu documentos e computadores. A ação de abertura da casa para a imprensa faz parte da estratégia de comunicação traçada pela direção do instituto com o ex-presidente, de aproveitar o momento de avaliação de que a Lava Jato e o juiz Sérgio Moro teriam exagerado ao conduzir Lula a força para depor.
O entendimento é que abre-se uma brecha com a opinião pública para mostrar que Lula e o PT são vítimas de uma operação usada politicamente. Celso Marcondes, diretor do Instituto Lula, classificou a ação da PF de “desnecessária” e disse que a equipe do instituto ficou “absolutamente indignada” com o caráter da ação na sede da instituição. “Nossa privacidade foi devassada”, afirmou.
Dentro do prédio, Marcondes mostrou a jornalistas documentos revirados, caixas onde ficavam documentos e acervo do ex-presidente rasgadas e até uma porta arrombada, que dá acesso à sala do setor administrativo e financeiro. “Aquela porta arrombada foi um absurdo, é a sala do administrativo e do financeiro e a única sala daqui que fica trancada, mas a chave fica com uma das moças, então ninguém pediu a chave, arrombaram, foi completamente desnecessário aquilo”, afirmou.
“Não tinha absolutamente nenhuma necessidade de fazer uma operação com 200 homens, usar toda essa violência, truculência, essa demonstração de força.” O diretor disse ainda que o juiz Sérgio Moro fez um “mal” ao País ao autorizar a condução coercitiva de Lula. “O Moro fez um mal para o País, porque acho que os ânimos hoje estão muito mais acirrados. Se havia um clima de divisão, de acirramento, de ódio, acho que depois de sexta-feira jogaram gasolina na fogueira.”
Marcondes pontuou que Lula já prestou três depoimentos ao Ministério Público Federal, com horário marcado. Em outubro, o ex-presidente falou sobre palestras pagas por empreiteiras, em dezembro depôs no âmbito da Lava Jato e, em janeiro, na Zelotes. Em fevereiro, Lula conseguiu adiar um depoimento que daria ao Ministério Público paulista, em processo conduzido pelo promotor Cássio Conserino sobre o tríplex no Guarujá. O diretor do instituto destacou a diferença dessa situação.
“Lula já prestou três depoimentos com data e hora marcada, para o Ministério Público Federal. Ele não prestou o quarto, pra São Paulo, pro procurador Conserino, porque (o processo) estava cheio de irregularidades, mas está pronto e disposto para fazer todos os depoimentos necessários.”