Os temores sobre o crescimento da inflação no Brasil ainda são insuficientes para atingir a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acredita Alejandro Chacoff, analista da consultoria britânica Control Risks. "Seria preciso uma deterioração econômica muito forte para mexer com o presidente", afirmou.
A preocupação com o aumento dos preços foi evidenciada pela pesquisa CNI/Ibope, divulgada nesta semana. O tema foi o terceiro item do noticiário mais lembrado pelos entrevistados, sendo que 65% acham que a inflação vai aumentar.
Chacoff acredita que o governo federal tem consciência do perigo que a inflação representa para a estabilidade econômica e para a avaliação de Lula. Tanto que mostrou capacidade de articulação ao unir o Banco Central e a Fazenda no discurso mais austero. "Entre (Guido) Mantega e (Henrique) Meirelles, acreditamos que Lula está mais alinhado à visão do presidente do BC", disse.
Para ele, o presidente tem grande preocupação em controlar a inflação, por isso o viés ortodoxo prevalece sobre o desenvolvimentista. Além disso, o analista avalia que o governo federal tem argumentos para justificar a atual trajetória dos preços, já que a inflação é um problema global e afeta de forma mais pesada outros países da América Latina – como a Argentina.
Na visão do especialista, a popularidade de Lula só seria abalada no caso de um colapso econômico – o que não parece provável -, pois os escândalos políticos já se provaram insuficientes para mexer com a estabilidade do presidente. "O caso do mensalão já mostrou como Lula está blindado, porque seus aliados mais próximos caíram em meio a tantas denúncias e sua popularidade tempos depois bateu recorde", disse.
