A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou nesta quarta-feira, 12, um vídeo em que deputados da bancada ruralista estimulam produtores rurais a organizarem a defesa de suas propriedades e atacam Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele o acusam de orquestrar ações de índios, quilombolas e sem-terra. Os índios devem anunciar nesta quinta-feira, 13, providências contra os deputados, por incitação à violência. “Estão estimulando as pessoas a matarem nosso povo”, disse Otoniel Ricardo Guarani Kaiowá, da Apib.
O vídeo foi gravado em novembro, em audiência pública da Comissão de Agricultura sobre demarcação de terras em Vicente Dutra, no Rio Grande do Sul.
Um dos oradores foi Luiz Carlos Heinze (PP-RS), da Frente Parlamentar Agropecuária. Ele diz: “O Gilberto Carvalho também é ministro da presidente Dilma. E é ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta.”
Para Heinze, as autoridades se omitem em relação à defesa da propriedade. Ele diz que fazendeiros do Pará estão contratando serviços de segurança privada. E aconselha à plateia: “Façam a defesa como o Pará está fazendo”. Outra fala destacada no vídeo foi a de Alceu Moreira (PMDB-RS). Ele também critica o ministro: “Por que de uma hora para outra tem que demarcar terras de índios e quilombolas? O chefe dessa vigarice orquestrada está na antessala da presidente da República e o nome dele é Gilberto Carvalho.”
Moreira também fala da defesa da propriedade: “Não vamos incitar a guerra, mas lhes digo: se fartem de guerreiros e não deixem um vigarista desses dar um passo na sua propriedade.”
Após a divulgação do vídeo, Heinze admitiu que “se excedeu” ao falar de gays, lésbicas, índios e quilombolas como “tudo o que não presta”. “Essa questão dos gays eu não tenho nada contra (…) Com relação a eles eu retiro (o que disse)”. E Moreira alegou que os trechos foram pinçados de uma longa fala sobre demarcação de terras e estão fora de contexto. “Estávamos reunidos com produtores cujas propriedades tinham sido invadidas”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.