Relator da reforma da Previdência no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse ontem que a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington poderá atrapalhar o andamento do projeto na Casa.
A indicação, que ainda não foi oficializada pelo presidente Jair Bolsonaro, tem de passar primeiro pela Comissão de Relações Exteriores do Senado e, depois, por votação em plenário. “Desidratar (o projeto de reforma), não sei, mas atrapalha, sim. Provavelmente, vai criar má vontade onde não existe”, disse o senador, ao sair de uma audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

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Para o tucano, a indicação de Eduardo é polêmica e pode contaminar a discussão sobre o sistema de aposentadorias no País. “Vai começar uma discussão aqui que pode radicalizar posições, e, essas posições se radicalizando, pode contaminar a outra discussão.”

‘Juízo’

Eduardo tentou afastar um eventual impacto de sua indicação na reforma da Previdência. “Não. Não tem nada a ver”, disse o deputado. “Os senadores vão fazer juízo se eu sou merecedor ou não e ponto final. Outra questão é tributária, reforma da Previdência, armas, enfim, acho que não tem comunicação de uma coisa com a outra, não”, afirmou ele.

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Em périplo pelo Senado, onde tenta costurar apoios para confirmar seu nome, o deputado voltou ontem a conversar com senadores. Segundo ele, o objetivo é mostrar “um Eduardo um pouquinho diferente” da imagem que ele diz ser divulgada pela imprensa.

“São conversas particulares, eu converso com eles, eles demonstram interesse para saber se eu tenho as qualificações necessárias para assumir o cargo. É o momento para mostrar o Eduardo um pouquinho diferente do que, por vezes, sai na imprensa. Enfim, conhecer como eu sou”, disse o deputado, após visita ao gabinete do senador Jorginho Mello (PL-SC).

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Levantamento feito do jornal O Estado de S. Paulo. mostra que Eduardo não teria hoje o mínimo de 41 votos necessários para ser aprovado no plenário do Senado. Apenas 15 dos 80 votantes (o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não vota) declararam apoio à escolha do filho de Bolsonaro para o cargo diplomático mais disputado no exterior. O placar na Comissão de Relações Exteriores, onde ele deverá ser sabatinado, também ainda não é favorável ao deputado.

O levantamento da reportagem confirmou a cautela com que o governo tem tratado o tema. Na terça-feira passada, Bolsonaro admitiu que poderia rever a indicação porque ele não queria submeter o filho “a um fracasso”. Antes, o presidente já havia dito que só oficializaria a indicação após Eduardo obter o apoio majoritário dos senadores.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.