Está sendo aguardada para esta semana a posse do novo comandante do Corpo de Bombeiros. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Segurança, o nome ainda não foi definido, e a confirmação terá que passar pelo aval do governador Roberto Requião. Um dos cotados é Mario Yoshio Wako, mas a própria corporação poderá sugerir a indicação de outra pessoa.
O escolhido irá substituir o coronel Ivaldo Marchesi, que foi exonerado do cargo na última sexta-feira (dia 2). ?Mesmo tendo sido vítima de uma decisão inesperada, permaneço convicto de que o bom administrador só decide, de forma justa e imparcial, quando tem o conhecimento da verdade dos fatos?, afirmou Marchesi em nota divulgada ontem.
Segundo ele, desde que foi destituído do cargo, as versões que têm sido divulgadas não condizem com a verdade, e que em momento algum houve incompetência e falta de interesse do Corpo de Bombeiros na compra de veículos aquáticos e outros equipamentos para a Operação Verão. ?A simples consulta ao Sistema de Protocolo Integrado de documentos do Estado permite verificar as datas, conteúdos e responsabilidades de cada órgão do Estado pela tramitação do processo licitatório para a aquisição dos ditos equipamentos. Só isto já seria suficiente para desmascarar deslavadas mentiras?, afirmou.
De acordo com o ex-comandante, no ano passado, não houve verba orçamentária para que o CB comprasse os equipamentos, mas o pedido já havia sido feito por meio do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a entrega estava prevista para os próximos dias. ?Como alguém pode falar em falta de interesse do CB se, mesmo sem ter verbas, peregrinei pelas secretarias de governo em busca de recursos para adquirir tais equipamentos??, questionou.
Acusação
?A única pessoa que não poderia alegar falta de interesse do Corpo de Bombeiros em acompanhar o processo de aquisição seria o presidente do IAP (Rasca Rodrigues), que em 12 de maio recebeu o comunicado pessoal do comandante-geral da Polícia Militar (coronel David Antônio Pancotti) de que tais equipamentos aquáticos só deveriam ser adquiridos pelo IAP, por ordem do governador?, afirmou o coronel.
Ivaldo Marchesi disse ainda que ?a inépcia do IAP ficou demonstrada quando um dos seus diretores, Paulo Roberto Cassola, na manhã de 8 de outubro, foi ao quartel central do Corpo de Bombeiros pedir desculpas pelo esquecimento e engavetamento do processo?.
O presidente do IAP afirmou que o Instituto disponibilizou, no início de novembro, R$ 510 mil para a compra de oito jet-skis, nove quadriciclos, seis barcos infláveis e 67 rádios de comunicação. Segundo ele os equipamentos deveriam estar à disposição dos bombeiros no início da Operação Verão. ?Esse atraso não coube ao IAP. Faltou prioridade do Departamento de Aquisição de Materiais (Deam) e interesse do Corpo de Bombeiros em acompanhar o processo?, opinou.
A exoneração de Ivaldo Marchesi foi decidida pelo governador após visita ao quartel de Matinhos, quando foi constatado que havia somente um barco para salvamento. Segundo Requião, em janeiro de 2003 foi determinada a compra de todo o equipamento necessário para o Corpo de Bombeiros.
Cunha propõe desagravo
O vereador de Curitiba Mário Celso Cunha (PSB) deverá enviar em fevereiro, quando a Câmara Municipal retornar suas atividades, um diploma de Votos de Louvor e Aplausos ao coronel Ivaldo Marchesi. O vereador está preocupado com o fato de um ato pessoal do governador poder, no seu entendimento, prejudicar a história de trabalho do coronel.
?Entendo que o governador tem o poder de escolher seus auxiliares, e tem feito boas escolhas. Porém, a maneira como ocorreu a saída de Marchesi pode suscitar dúvidas sobre sua conduta, e isso não combina com o perfil deste homem decente, que transformou o Corpo de Bombeiros numa família a serviço do bem?, opinou.