A censura imposta ao jornal O Estado de S. Paulo, há 143 dias, é tema de um dos artigos da edição número 67 da revista Estudos Avançados, que acaba de ser lançada. Assinado pelo professor Eugênio Bucci, da Escola de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo (USP), com o título “Quando só a imprensa leva a culpa (mesmo sem tê-la)”, o artigo analisa detidamente os fatos que culminaram com censura. Conclui, entre outras coisas, que ela foi o “prêmio” dado ao jornal por seus esforços para garantir notícias exclusivas e de interesse dos cidadãos na cobertura dos escândalos do Congresso – que começaram a eclodir ainda no primeiro semestre.
“Assim foi que, pelo reconhecido padrão de excelência jornalística, conseguindo uma sequência de notícias exclusivas e de grande impacto sobre o escândalo do Senado, o Estadão se viu premiado com a censura judicial”, escreve Bucci, após listar os furos de reportagem obtidos pelo jornal. Para ele, trata-se de “algo de inacreditável numa democracia” e que, por isso mesmo, “deve ser mais estudado do que foi, mais debatido, mais conhecido – exatamente para evitar que os ataques por ele sofridos não prosperem mais do que já prosperaram”.
A revista é uma publicação quadrimestral do Instituto de Estudos Avançados da USP. A cada número traz um ou mais dossiês sobre temas de interesse da sociedade brasileira, com a participação de estudiosos convidados e de pessoas diretamente envolvidas com essas questões, segundo explicações do editor assistente Dario Borelli. Para o número 67, cujo tema principal é a crise no Congresso, foram convidados cientistas políticos, juristas e também integrantes do Congresso.