A secretária da Educação, Alcyone Saliba, vai deixar o cargo antes do final do governo, em dezembro. Titular da Educação desde o primeiro dia de mandato do governador Jaime Lerner (PFL), a secretária Alcyone Salyba perdeu popularidade no Palácio Iguaçu nos últimos dias. O Palácio Iguaçu não confirma e nem desmente a saída de Salyba, mas O Estado apurou que sua demissão está prevista para os próximos dias. Ela está sendo convidada a se transferir para uma das diretorias da Agência de Fomento.
Um dos motivos do desgaste da secretária foi o projeto de autoria do deputado Hermas Brandão (PSDB) que aumenta de 10% para 20% a hora-atividade dos professores da rede pública estadual. A secretaria da Fazenda alega não ter recursos para bancar a medida e o governo não gostou de saber que a secretária avalizou o projeto para Brandão, antes de a matéria entrar em votação.
Por pressão do governo, a votação do projeto foi suspensa durante a sessão da terça-feira, gerando um impasse e fragilizando o Palácio Iguaçu. Candidatos à reeleição, os deputados aliados não querem apresentar emendas que desfigurem o projeto – eles temem perder pontos com os professores – e o governo, por sua vez, ainda não tem uma estratégia para neutralizar os prejuízos de uma medida antipática junto aos professores.
A área econômica do governo entende que o projeto esbarra na Lei de Responsabilidade Fiscal. A medida não tem impacto direto sobre o salário dos professores. Mas o aumento da hora-atividade (período fora da sala de aula em que o professor realiza tarefas de pesquisas e correção de provas) de duas para quatro horas aulas semanais para jornada de vinte horas implica a contratação de outros professores para substituir aqueles que estiverem fora da sala de aula.
Se não houvesse o obstáculo da Lei de Responsabilidade Fiscal, o governador Jaime Lerner já teria ele mesmo tomado a iniciativa de aumentar a hora-atividade dos professores, garantem alguns de seus interlocutores. Seria uma medida de redenção junto a uma categoria com a qual Lerner gostaria de se reconciliar antes de entregar o cargo.
A assessoria da Secretaria de Educação disse a O Estado que a secretária foi convidada mas não aceitou o cargo na Agência de Fomento e que gostaria de permanecer na secretaria.
