Nove anos após a morte do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, o cerimonial do Palácio do Campo das Princesas estima que o funeral de seu neto, o candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, paralise Recife no domingo (17), às 16h. Em 2005, 80 mil pessoas se aglomeraram no centro da capital pernambucana para acompanhar o velório e o cortejo do corpo de Arraes até o cemitério Santo Antônio, onde Campos também será sepultado. Pelos cálculos da Casa Militar do governo estadual, a comoção provocada pela morte trágica de Campos deve fazer com que o velório do neto supere o do avô em número de pessoas nas ruas.

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As imediações do Palácio do Campo das Princesas foram isoladas e alguns admiradores já se posicionaram na praça em frente à sede do governo estadual à espera da última homenagem ao ex-governador. Foi oferecido um velório coletivo às famílias, que ainda discutem se o velório será na calçada em frente ao prédio de 1841 ou no interior da sede. A expectativa é que pelo menos o corpo do assessor de imprensa Carlos Percol seja velado com Campos. Está prevista também uma missa campal que será celebrada pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido.

O volume de pernambucanos se despedindo de Campos deve superar o de Arraes, considerado até então o de maior comoção popular do Estado. Há informações de que caravanas vindas do interior do Estado estão sendo organizadas para a cerimônia, além de autoridades de todo o País. No evento de transmissão do cargo, em 4 de abril, Campos reuniu 15 mil pessoas diante do Palácio.

Segundo o governo local, foi oferecido um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para o traslado dos corpos. O governo conta com a previsão de liberação dos restos mortais na manhã de sábado. Assim que chegarem na base aérea de Recife, os corpos devem seguir em carro funerário até a sede do governo. A programação inicial prevê um velório até domingo e o cerimonial estuda a possibilidade dos restos mortais de Campos seguir em um carro aberto do Corpo de Bombeiros até o cemitério, exatamente como foi no funeral de Arraes. A população poderá seguir o cortejo até o cemitério à pé.

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Choque

Em clima de choque e consternação, antigos admiradores de Arraes e que viram em Campos a continuidade de suas políticas passaram dia na porta do Palácio à espera de informações sobre o início do funeral. “Trabalhei com o avô dele. Eduardo era uma pessoa simples, considerou quase como da família”, disse o aposentado João Romão, de 66 anos, que chegou às 6h da manhã. “Ele foi um ótimo governador. Gosto dele, ele é gente boa”, afirmou o aposentado Marcelo Mello dos Santos, de 49 anos, que também esteve na cerimônia de desincompatibilização de Campos do cargo de governador, em abril passado.

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Os admiradores do candidato falavam do inconformismo e da dor da perda do político que aprenderam a respeitar nos últimos anos. “É muita tristeza. Estou chocada. Ele foi um bom governador para todos”, declarou a aposentada Darcy Ferreira, de 58 anos, que chegou cedo à sede do governo estadual acompanhada do marido, o também aposentado Luiz João Santana, de 67 anos.

Cosme Eugênio da Cruz, de 76 anos, veio de Bom Jardim, no interior do Estado, e dormiu na praça. “Faço questão de ver o velório”, disse o eleitor de Campos e antigo admirador de Miguel Arraes, de quem tem um retrato em sua casa. “Arraes era para mim como um pai. Ele deu liberdade ao povo do campo”, comentou. Para Cosme, Campos foi o melhor governador que o Estado já teve e se destacou por ter criado escolas técnicas em sua gestão. “O neto (de Arraes) trabalhou demais. Até os últimos dias”, definiu.