Foto: Chuniti Kawamura/O Estado
Dom Moacyr José Vitti com a cartilha: "Votem consciente!".

"A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política, nem deve pôr-se no lugar do Estado, mas também não pode nem deve ficar à margem na luta política". Baseada nestas palavras do papa Bento XVI, pronunciadas recentemente na Encíclica Deus Carita número 28, a Arquidiocese de Curitiba elaborou a cartilha "Eleições 2006 – Voto Cristão é Voto Cidadão".

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Apresentado ontem pelo arcebispo metropolitano dom Moacyr José Vitti e por integrantes do Conselho de Leigos da Arquidiocese da Capital, o documento contém esclarecimentos e orientações pastorais sobre a campanha eleitoral deste ano. O objetivo é fornecer algumas dicas aos eleitores para que estes não deixem de votar e o façam com responsabilidade.

"Na cartilha, orientamos as pessoas para que votem de forma consciente, escolhendo candidatos honestos, que pensem no bem do povo e não nos próprios interesses. Devemos buscar a transformação da realidade em que vivemos, lutando contra a corrupção, a miséria, a fome, o desemprego, a falta de habitação e outros problemas que afligem a população brasileira", declara o arcebispo.

A cartilha – que será distribuída a cada uma das 157 paróquias de Curitiba, sendo acessada de forma gratuita pela comunidade – aconselha os eleitores, entre outras coisas, a não venderem o próprio voto, a procurarem analisar o comportamento dos candidatos, a não se deixarem levar por falsas promessas e a não votarem em candidatos que utilizem a religião para conseguir votos.

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"O direito do voto é sagrado", diz dom Moacyr. "Estamos vivendo um período em que os eleitores estão frustrados diante de expectativas anteriores não realizadas. Porém, não podemos nos deixar abater e temos que mudar nossa mentalidade, sem perder a esperança em um futuro melhor". A cartilha também deve ser entregue a representantes políticos, como deputados e vereadores.

Eleições limpas

Em nível nacional, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) também vem distribuindo cerca de 50 mil cartilhas em todo o Brasil. A publicação "Eleições limpas: A luta dos juízes pela ética na política" tem a finalidade de esclarecer eleitores, políticos e doadores sobre as regras de financiamento de campanha. Segundo a vice-presidente da AMB, Andréa Maciel Pachá, a entidade entende que deveria ter um papel pró-ativo, explicando o que pode e o que não pode ser feito nas eleições de outubro.

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"Assim os juízes não podem ser criticados por terem um comportamento passivo, como já ocorreu no passado, quando hove denúncias de caixa dois. A campanha tem também caráter preventivo, a fim de evitar conflitos judiciais nas eleições e pretende servir de padrão ético e moralizador", diz.

O documento esclarece que o candidato é obrigado a emitir o recibo eleitoral com o valor exato da doação recebida e depositá-lo numa conta bancária específica para a campanha. "Esse procedimento garante o registro integral da movimentação financeira da campanha e possibilita a sua fiscalização pela Justiça Eleitoral e pelos cidadãos", diz o texto da cartilha.

Porém, a proibição de distribuição de brindes, de realização de showmícios e de exposição dos candidatos em outdoor não consta na cartilha, uma vez que ela foi elaborada antes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicar a resolução que traz essas restrições.