O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto, afirmou que o órgão ficará atento ao uso das informações de pesquisas publicadas pelo instituto pelos candidatos das eleições. “Tem a questão do fake news nas eleições. O IBGE fica um pouco longe disso. Em breve, teremos de ficar atentos, porque os candidatos podem dizer que o desemprego foi tal e o crescimento aquilo.”

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A declaração foi dada após proferir palestra em evento da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner).

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Segundo Olinto, o IBGE precisa atacar o mau uso da informação. “Falou algo errado, vamos publicar uma nota. Temos feito notas técnicas e comentários exatamente para nos defender de informações falsas.”

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O presidente afirmou que as pesquisas do órgão são produzidas de forma mais transparente possível, e ressaltou ainda que o órgão não produz opinião, mas que analisa dados do passado. “O IBGE não está aí para opinar. Quer manter a credibilidade. Não podemos errar. A credibilidade vem da imparcialidade, que vem do silêncio em todos os sentidos”, disse.

As metodologias utilizadas pelo IBGE, acrescentou, são sempre baseadas em padrões reconhecidos. Segundo ele, nenhum instituto de pesquisa “inventa moda”. Conforme o presidente, o órgão pode fazer adaptações, mas a lógica e o padrão usados são o mesmo na maioria dos países.

Em sua análise, diante do avanço da tecnologia e do excesso de informação, o desfio do IBGE é enorme. Ele citou como exemplo a desconfiança de consumidores em relação à taxa média de inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “Para 50% das pessoas, a inflação está errada, não acreditam no resultado, dizendo que ‘lá em casa’ não é assim”, diz.

Segundo ele, o IBGE precisa fazer um amplo trabalho para tentar explicar o comportamento da inflação para os consumidores. “Na internet página do IBGE, colocamos vídeo para tentar explicar isso. É o grande desafio. Além de combater as fake News”, avaliou.

Olinto também afirmou que a opinião da sociedade também pode afetar a estatística oficial, porque pode prejudicar a apresentação dos dados como informação confiável. “Um exemplo é o IPCA, 50% da população brasileira acha que está errado, porque diz que a inflação dentro da casa deles é diferente. Aí temos que explicar que é uma média. Mas o que é uma média?”, reiterando que o IBGE tenta explicar essas dúvidas por meio de vídeos.

O presidente do instituto disse ainda que a relação com a imprensa é um “caminho” para tentar facilitar a informação e o melhor entendimento das pesquisas feitas pelo IBGE. Segundo ele, é uma interface complicada que o órgão está tentando resolver.

“Estamos tentando melhorar cada vez mais a comunicação através de seminários para balizar as demandas e melhorar a linguagem. Está claro que a credibilidade só existe com uma boa relação com a sociedade”, disse.

As afirmações foram feitas durante evento na capital paulista na manhã desta quinta-feira no seminário O Papel da Comunicação nos Institutos de Estatística em Tempos de Revolução Digital, promovido pela da Aner.