O senador Humberto Costa (PE), líder do PT na Casa, usou o plenário nesta segunda-feira, 9, para fazer um discurso de autodefesa, por seu nome ter aparecido na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de políticos investigados na operação Lava Jato. Dizendo ter profundo respeito por Janot, o senador petista declarou que a abertura de inquérito para ele se tornou numa condenação prévia dos políticos citados.
“O procurador-geral, hoje, é o homem mais poderoso da República, com poder de culpar ou inocentar alguém antes de ser julgado. Sempre admirei a postura do doutor Janot porque ele nunca agiu desta maneira, portanto acho que foi ponto fora da curva.”
Costa disse ter recebido com surpresa e indignação a notícia de seu nome constar da lista. “Não me considero melhor nem pior do que ninguém, mas sempre pautei minha conduta pela lisura pela correção, pelo respeito á coisa publica e especialmente pelo respeito àqueles que sempre me honraram com seu voto e sua confiança”, afirmou.
O petista disse viver a sensação de uma “profunda injustiça”. Ao lembrar de quando foi citado na operação Vampiro, Humberto Costa disse estar sendo submetido pela segunda vez à “tortura pública” de responder em processos nos quais não teve envolvimento – em 2010 Costa foi inocentado por acusações de corrupção relacionadas ao período em que foi ministro da Saúde. Costa lamentou passar novamente, em suas palavras, por “linchamento moral” e “acusações torpes”.
O líder petista no Senado repetiu diversas vezes ser inocente, argumentando ter uma vida pública reconhecida. “Manifesto minha total incompreensão, mas não esmorecerei, não baixarei minha cabeça. E tenho a correção da minha vida para mostrar ao povo brasileiro.”
Humberto Costa argumentou que a menção de seu nome na delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi inconsistente e apresentou contradições em relação ao depoimento do doleiro Alberto Youssef. Segundo o depoimento de Paulo Roberto, a campanha de Humberto Costa ao Senado em 2010 recebeu R$ 1 milhão do esquema de propinas da Petrobras por solicitação do empresário Mário Barbosa Beltrão, amigo de infância do petista e presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco (Assimpra).
“Há incoerências e contradições nos depoimentos dos dois réus”, argumentou Humberto Costa.
Ele afirmou que todas as doações que obteve foram legais, auditadas e aceitas pela Justiça Eleitoral. E disse acreditar que, assim como ele, outras pessoas citadas na lista foram injustiçadas. “Vários dos citados sei que são pessoas decentes, de bem e querem que isso seja passado a limpo o mais rápido possível”, disse ao pedir celeridade a Janot na investigações da Lava Jato e que a Polícia Federal cumpra o prazo estimado de 30 dias para realizar as diligências.
“Não quero nenhum tipo de benesse, quero a Justiça, que se apure em 30 dias e diga se tenho algum envolvimento com essa operacao Lava Jato.”
Doações de empresas
Costa pediu também em seu discurso que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, libere o pedido de vista sobre a ação direta de inconstitucionalidade ao projeto que pede o fim de doações de empresas para campanhas eleitorais. Costa repetiu a argumentação do PT de que a doação das empresas é a chaga do sistema atual e que transforma a atividade política em “atividade de risco”.
Costa argumentou que “querem cassar o mandato da presidenta por causa de doações que depois descobrem irregulares”, em referência indireta às manifestações por impeachment organizadas nas redes sociais para o dia 15 de março. O senador sugeriu que os manifestantes pressionem e peçam, durante as manifestações, para que Gilmar Mendes dê seu parecer e permita que o projeto seja analisado pelo Congresso Nacional.