A revista IstoÉ desta semana traz reportagem em que aponta a ligação do governador Roberto Requião (PMDB) com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para interferir nas eleições do Paraguai. Requião, segundo a revista, seria intermediário de Chávez para beneficiar a campanha do bispo Fernando Lugo à presidência do vizinho país.
Com o título ?Requião Fora do Eixo?, a matéria assinada por Sérgio Pardellas cita informações já especuladas no estado, como a participação do secretário estadual de Comunicação Airton Pisseti no marketing da campanha de Lugo e a visita que o bispo teria feito a Curitiba, à bordo de jato do governo do estado, mas também faz novas revelações, como a acusação de um senador paraguaio de que Chávez estaria usando o governador do Paraná para injetar dinheiro na campanha de Lugo.
A acusação é do senador Hermínio Chena, da Unace, que disse à IstoÉ que ?um coronel do Exército venezuelano, que é chamado de comandante, tem ido com o bispo buscar recursos do governo do Paraná e de empresários da região. Isso é inadmissível?. A matéria informa que os advogados do Partido Colorado, que governa o Paraguai há 60 anos, preparam uma denúncia, a ser apresentada pelo senador Nelson Argaña, em que se acusa Chávez de injetar dinheiro na campanha de Lugo por meio do governador do Paraná.
A matéria, que faz rápida citação à briga que o governador vem travando com a Justiça por conta da Rádio e Televisão Educativa, diz que a postura de Requião vem desagradando o Itamaraty, que, discretamente, apóia o coronel Lino Oviedo, principal adversário de Lugo na disputa no Paraguai. Enquanto o coronel, que já foi presidente do país vizinho, tem um plano de governo mais alinhado à política externa do presidente Lula, Lugo tem explorado em sua campanha um crescente sentimento antibrasileiro. Recentemente, anunciou que, se for eleito, denunciará o Brasil na Corte Internacional de Haia, caso não sejam corrigidas supostas injustiças no Tratado de Itaipu.
Segundo a revista, no Paraguai, os opositores de Lugo acreditam que a entrada de Requião na campanha do bispo atenda a um pedido do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com quem o governador paranaense cultiva uma antiga relação de amizade e respeito.
O possível envolvimento de Requião na campanha de Lugo originou, até, uma visita de Oviedo a Curitiba há duas semanas. Recebido pelo governador no palácio das Araucárias, o coronel disse ter ouvido de Requião que o governo do Paraná não interferiria na disputa do Paraguai e que a participação de Pisseti nas eleições do país vizinho era assunto profissional exclusivo do secretário.
A revista traz, ainda, uma segunda matéria que inicia-se com a frase ?O Requião sempre foi afeito a rompantes?, do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), lembra a fama de ?parafuso solto? do governador e enumera alguns episódios protagonizados pelo governador, como a batalha contra o pedágio, exemplificada com o ?furo? das cancelas pelo líder do governo na assembléia Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), a retirada da TV Educativa do ar e demissão da procurador-geral Jozélia Nogueira. ?De louco o Requião não tem nada? – a frase do deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) encerra a reportagem.
