O anúncio da homologação das delações da Odebrecht nesta segunda-feira, 30, de manhã trouxe alívio para todos os envolvidos no acordo da empreiteira: executivos, advogados e procuradores. A partir de agora, da parte da Procuradoria-Geral da República, as investigações podem de fato começar – com quebra de sigilo de autoridades e busca e apreensão de documentos, por exemplo. Daí nascerão os inquéritos e denúncias contra políticos envolvidos no esquema de corrupção organizado pela empreiteira dentro e fora do País para conquista de obras públicas.
Do lado da defesa dos delatores, a decisão finalmente confirma a validade do acordo, que começou a ser costurado no final de fevereiro e só foi assinado em dezembro. Com isso, as penas começam a ser cumpridas e a empresa dá início à sua reestruturação interna para tentar se reerguer.
Os próximos passos que interessam à cúpula do poder político em Brasília, no entanto, vão depender de uma definição importante: o novo relator da Lava Jato. A decisão de Cármen Lúcia, de homologar os 77 acordos antes do final do recesso do Judiciário, já era esperada desde a semana passada. Na prática, a homologação valida o material colhido pelos procuradores, mas a condução das investigações ficará a cargo de quem herdar a Lava Jato no STF. E também deve ficar para o novo relator o que mais interessa aos políticos – a decisão sobre a divulgação do conteúdo da delação.