Em menos de meia hora, a sessão da CPI dos Ônibus na Câmara Municipal do Rio de Janeiro foi interrompida diversas vezes por 16 manifestantes que se instalaram em uma galeria no início da audiência. Eles penduraram baratas de papelão na grade de proteção da galeria e cartazes dizendo “esta CPI é uma farsa”. Um dos manifestantes jogou moedas nos membros da CPI, mas não chegaram a atingir ninguém. Ele foi retirado do plenário pelos seguranças, e os outros manifestantes decidiram sair também. Apenas dois rapazes permaneceram na galeria.
Os manifestantes interromperam falas do presidente da comissão, vereador Chiquinho Brazão (PMDB), do relator, Prof. Uoston (PMDB) e do procurador-geral do município, Fernando Dionísio, com risadas e aplausos irônicos. Eles também chamavam a composição da CPI de “quadrilha” e gritavam “Brazão, eu não me engano, seu coração é miliciano”.
Brazão e Prof. Uoston se irritaram com as interrupções, afirmando que não seria possível continuar com os trabalhos da CPI dessa forma. “Não dá para ficar nessa mesquinharia de manifestação de pessoas que só querem criar o caos”, disse o relator. “A quem interessa que não sejam apurados os fatos dessa CPI? A uma tropa que é o espelho do comandante, e o comandante está ausente”, comentou Brazão, em referência ao vereador Eliomar Coelho, que deixou a comissão. O presidente afirmou, ainda, que Coelho, como proponente da comissão, é seu membro nato e, portanto, não pode renunciar. “Ele está faltando a todas as oitivas.”
O procurador-geral respondeu a perguntas por cerca de uma hora. Ele afirmou que não houve formação de cartel no processo licitatório de 2010, conforme investigação do Tribunal de Contas do Município e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), “apesar de coincidências como o uso de mesmos advogados e bancos pelas empresas”.