O prefeito Beto Richa (PSDB) começou arrasador a campanha eleitoral segundo a pesquisa divulgada na última quinta-feira pela RPC/Datafolha, de registro 1631/08 no Tribunal Regional Eleitoral (Beto Richa com 72%, Gleisi 12%, Fabio Camargo 3%, Moreira e Meirinho 1%). Mas ainda tem muito chão pela frente e a história demonstra que candidatos que largaram atrás podem recuperar terreno. Esta, aliás, é a grande esperança dos adversários do prefeito. Comparação desta primeira pesquisa com as primeiras pesquisas das últimas campanhas eleitorais de Curitiba pode servir de incentivo para diversos candidatos nesta eleição, que estão muito atrás do prefeito.
Se, por um lado, a diferença de 60 pontos percentuais de Beto Richa para a segunda colocada, Gleisi Hofmann (PT) é a maior já registrada nas largadas de campanha, a história mostra, também, viradas do segundo colocado na primeira pesquisa e, até, candidatos que não estavam entre os dois primeiros colocados no início da campanha chegando ao segundo turno.
Desde as eleições de 1992, na qual Rafael Greca (PMDB), na época no PDT, foi eleito, a maior vantagem com que um candidato largou na primeira pesquisa foi de 39 pontos. Isto ocorreu nas eleições de 2000, quando Cássio Taniguchi (então no PFL e também candidato à reeleição) tinha 49 pontos contra 10 de Maurício Requião (PMDB). Taniguchi venceu a eleição. Por essa ótica percebe-se que nunca um candidato esteve tão confortável na liderança quanto o atual prefeito de Curitiba, Beto Richa.
Ainda em 2000, no ano em que Taniguchi foi reeleito, o petista Ângelo Vanhoni largou na terceira posição, com 9% das intenções de voto (40 pontos atrás de Cássio) e chegou ao segundo turno e protagonizou uma disputa bastante acirrada com o então prefeito, perdendo por 51% a 49%. São exemplos como estes que devem ocupar a cabeça dos atuais adversários do tucano.
Gleisi também aposta numa repetição do que ocorreu há dois anos em sua campanha para o Senado, quando largou com 2% nas pesquisas e teve 45% dos votos, sendo, inclusive, a candidata mais votada em Curitiba. Tudo isto serve de alento para o PT e as candidaturas mais abaixo na primeira pesquisa de 2008, tecnicamente empatadas no terceiro lugar, Fábio Camargo (PTB), Carlos Moreira (PMDB) e Bruno Meirinho (PSOL).
O próprio Beto Richa já foi personagem de uma virada. Na eleição de 2004, largou atrás de Vanhoni, chegou tecnicamente empatado até o dia da eleição e conseguiu vencer o petista no segundo turno. Em 1992, quem conseguiu uma virada foi Rafael Greca. Na primeira pesquisa daquele ano, o hoje diretor-presidente da Cohapar aparecia três pontos atrás de Maurício Fruet (PMDB), situação que já conseguiu reverter na projeção seguinte e só aumentou até o dia da eleição. Naquele ano, não havia segundo turno na eleição de Curitiba.
Mas a grande virada com relação à primeira pesquisa nas eleições de Curitiba ocorreu em 1996, quando Cássio Taniguchi (desta vez, no PDT) largou 20 pontos atrás (44% a 24%) de Carlos Simões (então no PSDB) e abriu os mesmos 20 pontos de vantagem já na segunda pesquisa (50% a 30%) mantendo a diferença até o dia da eleição e vencendo o pleito já no primeiro turno.