Foto: Evandro Monteiro/O Estado
Para Hermas, melhor seria se Requião ficasse neutro.

O governador em exercício, Hermas Brandão (PSDB), disse ontem que o governador reeleito Roberto Requião (PMDB) foi prejudicado com a vinculação de sua campanha à do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Articulador da aliança entre PMDB e PSDB no Paraná, anulada pela direção nacional tucana, o governador em exercício avaliou que se Requião tivesse mantido a neutralidade na sucessão presidencial, como fez no primeiro turno da campanha eleitoral, teria colhido melhores resultados eleitorais.

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Depois que Lula veio ao Paraná e pediu votos para Requião, uma semana antes da eleição, Brandão afirmou que o peemedebista perdeu dez pontos percentuais entre os eleitores que votavam nele e no ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) para a presidência da República. Segundo Brandão, essa migração dos tucanos foi registrada com mais intensidade nos maiores colégios eleitorais, como Curitiba, Ponta Grossa, Londrina e Maringá, justamente onde Requião perdeu a eleição para o senador Osmar Dias (PDT).

Brandão disse que não deveria ter havido acordo formal entre o PMDB e o PT. ?Não seria necessário associar as campanhas. O PT viria de qualquer jeito, pelo menos suas principais lideranças. O PT não veio inteiro para a campanha?, disse o governador em exercício.

Para Brandão, os baixos percentuais de votação obtidos pelo governador reeleito nas cidades maiores também podem ter sido ocasionados por problemas na divulgação da atuação do governo. Brandão afirmou que, em Londrina, onde o peemedebista obteve 28,8% dos votos, o governo fez inúmeras obras. ?As coisas boas feitas pelo governo não chegaram ao conhecimento da população. Tem que mudar a comunicação com a população?, afirmou.

De fora

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Brandão retoma a presidência da Assembléia Legislativa na próxima semana e, após encerrar seu mandato em fevereiro, irá se dedicar a atividades privadas. Brandão afirmou que não tem intenção de participar do novo governo. ?Eu nem sequer fui convidado, mas minha disposição é de cuidar da vida. Depois de trinta anos de vida pública e três mandatos de presidente da Assembléia Legislativa, preciso de um descanso?, afirmou o governador em exercício, que deverá indicar nomes da sua confiança para integrar o secretariado de Requião.

O afastamento político que está programando poderá ser definitivo ou temporário, informou o governador em exercício. Brandão desmentiu as especulações sobre uma suposta indicação para ocupar a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas, no lugar da indicação do vice-governador reeleito Orlando Pessuti (PMDB). O deputado tucano explicou que para ser indicado conselheiro teria que se aposentar como serventuário da Justiça e que isso não está nos seus planos.

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Quanto ao seu futuro partidário, o governador em exercício disse que irá reunir seu grupo político, formado por ex-prefeitos, vereadores e 32 dos 35 prefeitos do partido no Paraná, para avaliar se permanece no PSDB.

Brandão e seu grupo descumpriram a orientação estadual de apoiar Osmar Dias para o governo. O tucano voltou a criticar o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, pela decisão de invalidar o acordo entre tucanos e peemedebistas, aprovado em convenção do partido. ?Ele tinha um compromisso comigo que não haveria intervenção no Paraná. Ele não estava preparado para ser presidente nacional do PSDB?, afirmou.