Em palestra proferida ontem a estudantes, integrantes de sindicatos, parlamentares e servidores públicos, na sede da Associação dos Fiscais do Estado do Paraná, em Curitiba, a senadora Heloísa Helena (sem partido-AL), expulsa no último dia 14 do Partido dos Trabalhadores (PT), definiu a expulsão como um momento bastante difícil e triste em sua vida, mas ressaltou que existe vida honesta, digna, socialista e militante fora do PT. ?Podem tirar o cavalinho da chuva as pessoas que pensam que eu e os outros parlamentares expulsos – deputado João Batista Babá (PA) e deputada Luciana Genro (RS) – vamos ficar de braços cruzados vendo as coisas acontecerem?, afirmou. ?Não vamos pegar nossas trouxinhas e ir para casa. Vamos continuar na luta e nos encontrando para discutir.?
Nesta semana, a tendência Democracia Socialista (DS) entrou com um recurso pedindo que a reintegração de Heloísa ao PT seja discutida na reunião nacional do partido, que será realizada em setembro de 2005. A senadora considera remota a alternativa de voltar para o PT e pensa em criar um novo partido de alternativa de esquerda no País.
?Setembro de 2005 está muito longe e não estou preocupada com isso: vou continuar na batalha e a defender meus ideais?, promete. ?Se disso vai nascer um novo partido ou não ninguém pode saber, um partido não se constrói por decreto. O PT que me expulsou não foi o que eu ajudei a construir, mas o que representa a cúpula palaciana. Fico triste em saber que, de obstáculo ao pensamento único, o PT se transformou em agente da propaganda triunfalista do neoliberalismo.?
Heloísa foi expulsa porque o PT considerou que ela estava fazendo oposição sistemática ao governo e não estava cumprindo com suas obrigações, por votar contra a indicação de Henrique Meirelles para o Banco Central, por não comparecer à sessão de indicação de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado e por votar contra a reforma da Previdência.