O governo do Estado extrapolou em 2,2 % o limite de gastos com a folha de pessoal no balanço do último quadrimestre de 2010, apresentado pelo secretário da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, aos deputados estaduais nesta segunda-feira no plenário da Assembleia Legislativa. 

continua após a publicidade

De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),  o Estado pode gastar até 60% da receita líquida com os salários dos seus servidores. O estado que ultrapassar esse limite perde o direito de receber verbas federais e de contratar empréstimos.

O excesso dos gastos foi apontado por Hauly como uma das razões que impedem o atual governo de corrigir salários dos funcionários públicos como sinalizou o governador Beto Richa (PSDB) durante a campanha eleitoral.

A promessa de reajuste de 26% para os professores da rede pública estadual ou a aplicação da Emenda Constitucional, que reestrutura as carreiras dos policiais militares e civis, que resulta em aumento médio de 25% para as duas categorias estão entre as medidas que, neste momento, não cabem no orçamento, disse Hauly.

continua após a publicidade

“Eu não disse que vai dar ou não vai dar. Estou mostrando as dificuldades. O que eu digo é que são promessas que vamos honrá-las, mas que precisamos equacionar os recursos. A demanda é legítima. Mas temos que arrumar recursos novos”, disse o secretário da Fazenda.

Durante a audiência pública, o deputado José Lemos (PT) questionou o secretário sobre a inclusão na base de cálculos de gastos com pessoal dos benefícios pagos aos aposentados e inativos. O deputado petista afirmou que, excluídas essas despesas, que deveriam ser assumidas pelo fundo de previdência, o governo teria sobras de recursos para melhorar os salários dos seus servidores.

continua após a publicidade

Hauly afirmou que os gastos com aposentados e pensionistas fazem parte do cálculo com amparo de uma decisão do Tribunal de Contas do Estado, que já vigorava no governo anterior. Mas admitiu que a Secretaria do Tesouro Nacional determina a exclusão dessas despesas do cálculo.

O novo governo terá que rever o conceito de cálculo de pagamento de servidores, disse.  “Vamos ter que discutir isso com os três Poderes. A Assembleia, o governo, o Ministério Público e o Judiciário. Porque estamos todos com água pelo nariz, como se disse por aí”, disse.

Em queda

Ao avaliar os dados que apresentou, o secretário da Fazenda afirmou que o Paraná tem atualmente um quarto da capacidade de investimentos que tinha na década de 80. A dívida do Estado é de R$ 18 bilhões, incluindo os débitos relativos a precatórios. 

De acordo com Hauly, o secretário do Planejamento, Cássio Taniguchi, está trabalhando num projeto de repactuação da dívida do estado.  Vários deputados perguntaram ao secretário se o governo já tem uma estratégia para elevar a arrecadação. Várias medidas estão em estudos, mas o combate à sonegação é uma das principais, afirmou Hauly.

O secretário da Fazenda estima em R$ 80 milhões o déficit das contas de 2010. O balanço final do ano passado ainda não foi concluído, mas já existe um saldo de R$  159 milhões em dívidas que não têm cobertura no orçamento atual. A atual administração tem prazo até o final de março para concluir o balanço.