Horas depois de o Senado Federal tornar a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ré em processo de impeachment, o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição pelo PT, Fernando Haddad, criticou, em entrevista à TV Estadão, o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB). Para o petista, não parece de bom tom um vice se insurgir contra a cabeça de chapa. “Acho grande casuísmo (o processo de impeachment contra Dilma)”, frisou. A votação no Senado, concluída durante a madrugada desta quarta-feira, 10, terminou com 59 votos contra 21, diferença que, se repetida, será suficiente para decretar o afastamento definitivo de Dilma Rousseff.

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Apesar da crítica, Haddad evitou falar “em golpe”, termo usado por muitos de seus correligionários para tratar o impeachment da presidente afastada. Na visão do prefeito paulistano, a palavra é muito forte, dura, lembra a ditadura militar, armas e tanques nas ruas.

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Haddad disse que o tema impeachment deve estar presente nos debates aos quais vai participar nesta campanha municipal, contudo garantiu que seu foco neste pleito não será o impedimento de Dilma Rousseff, mas sim as questões da cidade. “Impeachment deve surgir nos debates, mas meu foco são as propostas para São Paulo.”

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Na entrevista, Fernando Haddad indicou que não colocará a presidente afastada em seus programas eleitorais e palanque, durante a campanha. “Ela (Dilma) está vivendo um momento difícil, me solidarizo. Com essa sobrecarga dela, esse tipo de abordagem é injusto, é uma pessoa que está sofrendo um processo político e seria um desrespeito tratar um drama desse pensando se vai trazer voto ou não”, afirmou.

O prefeito disse ainda que não sabe por que Dilma Rousseff não foi à convenção que confirmou sua candidatura à reeleição. E emendou: “Temos de aproveitar o horário eleitoral para discutir temas que afetam a vida do eleitor.”

Lula

Haddad foi indagado se levaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao seu palanque, como ocorreu quando foi eleito. “O presidente Lula vai julgar a conveniência de participar ou não da (minha) campanha”. Haddad, contudo, disse que neste pleito ele já não tem o desafio de ser apresentado ao eleitor, que o conhece. “Nosso desafio não é apresentar um candidato, mas uma proposta, nossa tarefa hoje é outra.”

Ao ser questionado sobre os processos e denúncias que atingem o PT e figuras importantes da sigla, como o próprio Lula, ele criticou as outras legendas. “Todos os partidos estão envoltos em escândalo, o PMDB acaba de ser tragado pela Lava Jato, além disso o PSDB também está no foco da Lava Jato.”