Em um debate novamente marcado pela troca de acusações entre os dois candidatos que disputam a Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) usaram temas como mensalão e questões sociais para confrontar o adversário no encontro promovido pelo SBT e pelo UOL hoje.
Ao ser questionado sobre transparência na administração pública, o tucano citou o julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), que envolve a ex-cúpula do PT.
“Falando em corrupção no Brasil, não podemos deixar de mencionar hoje a questão do mensalão. Isso não é nem processo, não é nem suspeita não, é condenação. A cúpula do PT, a cúpula do Partido dos Trabalhadores durante tanto tempo foi condenada, formação de quadrilha”, disse o tucano.
“Serra, o teu desrespeito chega às raias da insanidade, trazer mensalão para cá? Do que você está falando? Você me conhece o suficientemente para saber que eu tenho doze anos de vida pública, 30 anos de vida acadêmica, que tenho uma reputação ilibada”, rebateu Haddad.
O petista ainda citou o caso de Hussain Aref Saab, ex-diretor do Departamento de Aprovação de Edificações da Prefeitura de São Paulo.
“Um funcionário nomeado pelo Serra, ao longo de cinco anos apenas, com salário de servidor público conseguiu passar escritura para o seu nome de mais de 100 imóveis”, disse.
“Esse cidadão, o Aref, era alto assessor da Marta Suplicy, foi o principal assessor na época para elaboração do plano diretor. Quando foi descoberto, houve denúncias, o prefeito Kassab mandou para o Ministério Público e processou, tomou a medida correta”, respondeu Serra.
Saúde
O tucano também colocou no debate a questão da parcerias com OSs (organizações sociais) na área da saúde. Segundo o tucano, caso eleito, Haddad vai acabar com as parcerias, o que o petista nega.
“No programa do PT consta o fim das parcerias com as entidades tipo Santa Marcelina, Santa Casa, Universidade de São Paulo, Einstein, Sírio-Libanês. Está no programa, está nas declarações, está na ação do PT no Supremo Tribunal Federal para acabar com essas parcerias, os dados estão por todos os lados”, afirmou o tucano.
Haddad voltou a negar o fim das parcerias. “Serra, você vem falar de Santa Marcelina para mim? Quem autorizou o curso de medicina do Santa Marcelina fui eu, como ministro da Educação. Vou fechar um curso que eu mesmo abri? Você acha que a população vai acreditar em você mais uma vez, ela sabe quem mente e quem fala a verdade”, respondeu.
Social
Em outro momento de troca de acusações no encontro, os candidatos discutiram a preocupação para a “questão social”.
Ao questionar o petista sobre o seu programa na área cultural, o tucano disse: “e não me venha com a questão social, isso e aquilo, eu quero saber concretamente qual é o programa na área da cultura”.
“Serra, eu sei que você não liga para a questão social, é do teu perfil desconsiderar esta questão, por isso que você desconecta a questão ambiental da questão social”, respondeu Haddad.
Nas três primeiras perguntas, o petista havia feito diversas vezes referência à questão social.
“O hábito petista, e o seu, Fernando, me desculpe a franqueza, tem que ver a questão social primeiro, etc., tal, e não tem nenhuma proposta. A questão social fica esvaziada”, disse Serra, em sua tréplica.
No primeiro debate organizado pela TV Bandeirantes, Serra fez uma série de perguntas a Haddad sempre terminando com “é para rico ou para pobre?”.
Bilhete único
O tucano também utilizou o debate para lançar uma proposta nova: a de dobrar o tempo do Bilhete Único de três para seis horas. Serra ainda falou do “Bilhete Amigão” em que uma passagem de ônibus vai valer para todo final de semana.
“Essas são medidas concretas, em benefício das pessoas que andam em transporte público na nossa cidade”, completou.
A proposta foi ironizada pelo adversário. “Você viu que eu perguntei sobre enchente, ele me falou de um tal de ‘Bilhete Amigão’, ninguém sabe o que é, eu perguntei de moradia, ele não respondeu”, disse Haddad.
Antes de domingo, dia da eleição, haverá mais um debate, na sexta-feira, na TV Globo.