O governador Roberto Requião (PMDB) disse ontem que, enquanto tenta conter o valor da tarifa de pedágio, as sentenças judiciais fazem o caminho contrário. O comentário foi feito durante a reunião semanal do secretariado, no museu Oscar Niemeyer, onde o governador reagiu ao anúncio da concessão de liminar pela juíza claudia Cristina Cristofani, da 5.ª Vara Federal, à concessionária Caminhos do Paraná autorizada a reajustar a partir de amanhã seus preços em 42,86%.
Requião disse que está sozinho na briga contra as concessionárias de rodovias e que está cansado de recorrer à Justiça e ter sentenças favoráveis ao aumento do pedágio. Ele também reclamou da falta de apoio de deputados estaduais, federais e senadores, que não se manifestam sobre o assunto. "Não existem obras, cobranças absurdas de tarifas sem nenhum retorno e o Judiciário sustenta isso. Eu acho que vai me restar reclamar para o novo papa porque eu já cansei de encaminhar ao Judiciário brasileiro as medidas -diga-se de passagem, não é o Judiciário do Paraná, via de regra é a justiça federal que concede essas generosas sentenças", desabafou.
Ele afirmou ainda que em nome da velha regra de que "os contratos devem ser observados", a população vai sendo lesada pelas empresas que, segundo o governador, deveriam é devolver os reajustes considerados indevidos. Requião afirmou que as concessionárias estão faturando R$ 640 milhões ao ano.
E que, a rigor, teriam que devolver dinheiro ao contribuinte. "Funcionar mais quatro e cinco anos sem receber absolutamente nada", afirmou o governador. E acrescentou: "Mas ficamos na discussão formal: o governo segurando de um lado e sentença judicial abrindo de outro lado".
Requião comentou que está provando ao país que não há necessidade de cobrança de sistema de pedágio para conservar as rodovias, referindo-se ao programa de recuperação das estradas. "Estamos mostrando ao Brasil que não se faz necessário o pedágio porque os estados podem conservar as suas estradas. Nós estamos recuperando todas as estradas do paraná só com recursos do tesouro", afirmou.
Segundo o governador, com R$ 100 milhões anuais o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem pode fazer a conservação dos treze mil quilômetros de estradas estaduais. "Mas estamos pagando R$ 640 milhões, não conseguimos cobrar nada dos concessionários e somos atingidos repetidamente por sentenças judiciais", disse.