O secretário da Casa Civil do Paraná, Guto Silva (PSD), negou enfaticamente nesta quinta-feira, 14, ter recebido R$ 100 mil, em 2014, das mãos do ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado Nelson Leal Júnior, delator da Operação Lava Jato. O deputado licenciado da Assembleia Legislativa afirmou que não esteve “nem no DER nem em qualquer outro lugar”.
“Essa declaração é inverídica. Não é apresentada uma prova sequer. Apenas palavras ao vento”, afirmou.
Guto Silva declarou ser “a favor de que todo ocupante de cargo público possa ser investigado”. Para o secretário, agentes públicos devem “ter os seus atos acompanhados de forma pública e transparente”.
“Mas não tenho nenhum receio ou problema de confrontar essa delação porque é uma declaração mentirosa e caluniosa. Não há nenhum fato que possa, no mínimo, sugerir essa minha conduta. Agradeço essa oportunidade de deixar isso bem claro e a Justiça terá essa certeza também ao final de qualquer apuração”, disse.
Na delação, Nelson Leal Júnior relatou que, em 2014, José Richa Filho, o Pepe Richa, irmão do ex-governador do Estado Beto Richa (PSDB), solicitou R$ 100 mil ao então presidente da Econorte, Helio Ogama – também delator – para ser usado na campanha de Guto Silva. A Lava Jato afirma que Nelson Leal Júnior era o principal responsável pelo esquema fraudulento no DER-PR.
O delator narrou à Lava Jato que, em agosto de 2014, no dia em que Helio Ogama foi realizar a entrega do valor solicitado em espécie, nem José Richa Filho, nem Luiz Claudio estavam no prédio do DER. Para os investigadores, o delator referiu-se a Luiz Cláudio da Luz, ex-assessor de Pepe Richa.
“Luis Claudio disse ao colaborador que, por conta da ausência dele e de José Richa Filho, o colaborador (Nelson Leal Júnior) deveria receber o montante de R$ 100 mil de Helio Ogama e entrega-lo a Guto Silva, o qual já estava avisado de que deveria buscar o dinheiro na sala do colaborador no DER”, afirmou.
“Conforme previsto por Luis Claudio, Helio Ogama procurou o colaborador em sua sala e entregou ao mesmo o valor de R$ 100 mil; que, em seguida, no mesmo dia, Guto Silva foi até o DER e, na sala do colaborador, recebeu das mãos deste o valor de R$ 100 mil solicitado por José Richa Filho à Econorte.”
COM A PALAVRA, GUTO SILVA
ESTADÃO:
Conhece Nelson Leal Júnior?
Conheço.
Há quanto tempo?
Desde que ele assumiu seu cargo no DER.
São amigos pessoais?
Não. A relação que eu sempre tive com Nelson Leal Júnior foi referente a trabalho. Sempre lutei por obras no Sudoeste do Paraná.
Esteve no DER, em 2014, para pegar R$ 100 mil?
Não estive nem no DER nem em qualquer outro lugar.
Pegou R$ 100 mil com Nelson Leal Júnior?
Não. Essa declaração é inverídica. Não é apresentada uma prova sequer. Apenas palavras ao vento.
Espaço aberto para manifestação
Sou a favor de que todo ocupante de cargo público possa ser investigado e deve ter os seus atos acompanhados de forma pública e transparente. Mas não tenho nenhum receio ou problema de confrontar essa delação porque é uma declaração mentirosa e caluniosa. Não há nenhum fato que possa, no mínimo, sugerir essa minha conduta. Agradeço essa oportunidade de deixar isso bem claro e a Justiça terá essa certeza também ao final de qualquer apuração.
Com a palavra, o advogado Gabriel Bertin, que defende Helio Ogama
“Hélio Ogama já se manifestou sobre este mesmo assunto tanto no acordo de colaboração quanto no interrogatório recentemente realizado.”
Com a palavra, o advogado Bruno Augusto Vigo Milanez, que defende Pepe Richa
“A defesa não se manifesta sobre palavra de delator.”
Com a palavra, o advogado Lorenzo Finardi, que defende Luiz Cláudio Luz
A reportagem fez contato com a defesa de Luiz Cláudio Luz. O espaço está aberto para manifestação.