Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil |
Gustavo Fruet: bispo abençoou, mas preferiu não interferir na disputa pelo comando do parlamento. |
O candidato da terceira via à presidência da Câmara, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), visitou ontem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas saiu sem o apoio formal da instituição. O secretário-geral da CNBB, dom Odilo Pedro Scherer, abençoou o tucano e afirmou: ?Dou a bênção, mas isso não significa que eu esteja escolhendo um ou outro candidato. A CNBB deixa a decisão para a Câmara?, disse.
O secretário-geral disse esperar que, na próxima legislatura, ?os parlamentares não percam a referência da sociedade e a Câmara não se volte para si mesma?. Fruet disse que não esperava o apoio formal da CNBB e que a visita tinha a intenção de reforçar sua bandeira do diálogo do Legislativo com a sociedade. O candidato criticou o encontro do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), que disputa a reeleição, com os parlamentares novos, marcado para 29 de janeiro.
?A lição de casa se julga por dois anos e não por uma aula de véspera. Quando a esperteza é grande, vira bicho e come o esperto?, afirmou Fruet. A votação do novo presidente da Câmara acontecerá no dia 1.º de fevereiro, depois da posse dos 513 deputados.
Depois do encontro com o secretário-geral da CNBB, Fruet foi a Belo Horizonte numa tentativa de angariar apoio dos governadores, comprometendo-se a trabalhar para impedir que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) traga prejuízos aos estados. A possível perda de receitas tem sido o principal temor dos governadores, entre os quais o mineiro Aécio Neves (PSDB) que criticou o governo federal por não ter dialogado com os estados na fase de elaboração do programa.
Fruet acredita que a tramitação das propostas no Congresso será regimental, mas defendeu a inclusão de novas questões como reforma tributária na votação do programa.
Ao sair de um encontro com Aécio, no Palácio das Mangabeiras, Fruet sinalizou a estratégia. ?É por isso que vim, também, falar com o governador Aécio, pela liderança que exerce, da importância de restringir as medidas provisórias, discutir uma forma simplificada e dar efetividade à execução orçamentária, colocar em discussão a reforma tributária, a reforma política, impedir que o PAC seja um fator de prejuízo na receita dos estados e dos municípios e votar imediatamente o voto aberto para todas as votações dentro da Câmara.?
O candidato tucano reafirmou que será contra o reajuste de 90% nos salários dos parlamentares e que continua defendendo a correção pela inflação. A reunião de hoje contou com a presença de 9 deputados federais da bancada mineira na Câmara. Um pouco antes, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), também candidato à presidência, reuniu 21 parlamentares mineiros, durante almoço, em um restaurante próximo à Assembléia Legislativa de Minas.
Para Aécio, a campanha de Chinaglia é natural, mas ainda existe a possibilidade de Fruet conseguir angariar votos, principalmente junto aos novos parlamentares. ?O Gustavo é o candidato mais recente, mas talvez com proposta mais sólida e que mais apoio possa atrair neste final. De forma muito especial em relação aos novos parlamentares, que querem participar de um Parlamento mais identificado com a sociedade?, disse.
Sem desmerecer os outros dois candidatos (o atual presidente, Aldo Rabelo, disputa a reeleição), Aécio enfatizou que a presença de Fruet coloca um ingrediente novo na disputa. ?(A candidatura) traz essa disputa para onde ela deve estar: disputa de projetos, de prioridades, de fortalecimento do parlamento e de reencontro do parlamento com a sociedade?, afirmou.