Gustavo Fruet foi à Câmara dos Vereadores e disse que defende ofastamento de João Cláudio Derosso de suas funções.
Depois de duas lideranças tucanas (o presidente da Assembleia, Valdir Rossoni,e o senador Alvaro Dias) defenderem publicamente o afastamento do presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), desta vez foi a vez de um ex-tucano tocar na mesmo tecla. Em visita à Câmara, para a sessão em homenagem a Chiara Lubich, o ex-deputado federal Gustavo Fruet disse que Derosso deveria deixar o comando da Casa para não obstruir as investigações.
“Defendendo a mesma posição que defendi como membro do Conselho de Ética e de CPIs na Câmara dos Deputados, quando analisadas denúncias contra dois ex-presidentes, digo que sim, ele deveria se afastar da presidência”, disse Fruet, que acredita que o afastamento é fundamental “para que haja liberdade de investigação, transparência no processo, para que nenhum servidor da casa se sinta inseguro ao prestar depoimento, para evitar qualquer constrangimento. Depois, se nada for comprovado, ele retorna normalmente”.
Fruet lembrou que é a primeira vez na história da Câmara Municipal que os vereadores enfrentam uma agenda tão negativa, com o presidente processado no Conselho de Ética e a abertura de uma CPI. “É um momento delicado, em que se precisa de muita clareza sobre o emprego do recurso público e que não fique dúvidas sobre aquilo que fica no limite entre o moral e o legal”, comentou. “Independente da polícia, do Ministério Público e do Tribunal de Contas, a Câmara tem que investigar. São irregularidades de natureza política e esse é o papel dos vereadores”.
Fruet comentou que a pressão da opinião pública e a sucessão de denúncias tiraram a Câmara da inércia depois de a Casa “ter perdido a oportunidade de investigar os radares, os precatórios, os contratos com o Instituto Curitiba de Informática. A Câmara abriu mão de seu papel institucional e, agora, se vê nessa agenda negativa”, disse.
Tendo o conflito com Derosso pelo comando do PSDB municipal como uma das causas de sua saída do PSDB, Fruet, que nesta quarta-feira encontrou o presidente da Câmara na sessão (que Derosso não presidia há mais de uma semana) disse que estava na Câmara por questões institucionais. “Vim porque participo do movimento (comandado por Chiara Lubich) em Brasília. Fui vereador, tenho muito respeito pela Câmara, mas é público o embate político que tivemos. Tive veto dele para a presidência do partido. Mas foi coincidência. É uma questão maior que está em jogo. Temos que saber separar as questões pessoais das institucionais”.
Futuro político
O ex-deputado voltou a desconversar sobre seu futuro partido. Disse que segue dialogando, mas que não tem, ainda, uma definição e nem um prazo fixado para isso. “Sou candidato a prefeito. Até setembro, defino a questão partidária. Temos uma agenda, estamos conversando com várias lideranças e, até o fim do mês, concluo essa etapa. O importante é achar uma legenda com liberdade de atuação, sintonia com minha atuação política e projeto para Curitiba”, disse. Questionado se essa sintonia com sua atuação política não descartava um partido da base da presidente Dilma Rousseff (PT), Fruet lembrou que “o prefeito é de um partido da base do governo Dilma e terá apoio do PSDB. Então, provavelmente, só partidos da base devem disputar a eleição de Curitiba. Por isso, essa não é a questão. A eleição municipal é programática, discute a cidade”.
Fruet foi recebido na Câmara pelo líder da bancada do PDT (partido com o qual namora há meses), Tito Zeglin, foi cumprimentado e fotografado ao lado dos vereadores de oposição (PMDB e PT), antigos adversários, mostrando estar próximo de um acordo com o grupo rival de Beto Richa no estado.
“Os partidos dos quais esses vereadores são membros são os com os quais estamos conversando. Mas temos que respeitar os momentos. Vamos manter esse diálogo, mas não ficar preso somente a isso. Estamos conversando com a cidade, discutindo propostas, montando um novo projeto. Esse episódio da Câmara mostra que precisamos de mudança. Não de ruptura, de descontinuidade, mas de desacomodação para evitar a ocorrência de fatos como esses”, comentou.