O deputado federal Gustavo Fruet, que deixou o PMDB depois de ser derrotado na convenção municipal do PMDB de Curitiba (que definiu pela aliança do partido com o PT), disse ontem que o resultado das eleições municipais aponta para uma nova configuração de forças mais equilibrada no Paraná e deixa pelo menos duas lições importantes para os partidos e para a sociedade brasileira. “Uma delas é a necessidade de aprimorar o controle sobre as pesquisas eleitorais. A outra é a confirmação de que o fortalecimento partidário passa pelo lançamento de candidaturas próprias para os cargos executivos”, comentou.
A nova composição da Câmara Municipal de Curitiba também reforça essa tese. Como era previsto, PT e PMDB, que decidiram se coligar no primeiro turno, tiveram suas bancadas encolhidas. Não é coincidência, observa Fruet, que os quatro eleitos pelo PMDB tenham sido defensores da candidatura própria, ao mesmo tempo em que dois dos três eleitos pelo PT foram contrários à aliança com o PMDB. O deputado destaca também que o PMDB – embora em número de votos saia das urnas como a terceira maior força partidária do país – perdeu ou ficou fora da disputa em segundo turno nos maiores colégios eleitorais do país e do Paraná, incluindo a Região Metropolitana de Curitiba.
Para o segundo turno em Curitiba, Fruet acredita que a tendência dos eleitores que não votaram em Beto Richa (PSDB) ou Angelo Vanhoni (PT) é seguir a própria consciência: “A indicação de rumo pelos candidatos derrotados é importante, mas o eleitorado não tem dono”.
Ibope
Para Fruet, o principal instituto de pesquisas brasileiro, o Ibope, sai do período eleitoral com uma profunda marca negativa. Há meses o deputado vinha chamando a atenção para distorções verificadas em sondagens feitas pelo Ibope, que sugeriam manipulação de resultados. Os índices de rejeição atribuídos aos candidatos a prefeito, por exemplo, variaram de forma inexplicável entre a última pesquisa realizada antes das convenções e a primeira divulgada logo após os encontros partidários. “Os erros do Ibope verificados depois da abertura das urnas não surpreendem, mas reforçam a necessidade de rever a questão das pesquisas no Brasil”, diz Fruet.