Uma operação política de bastidores conduzida pelo comando petista com aval da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, resultou na aprovação pelo 4º Congresso Nacional do PT de mudanças que colocaram seu programa mais à esquerda, mas apenas no plano formal. As proposições – como redução da jornada de trabalho, combate ao monopólio da mídia e Imposto sobre Grandes Fortunas – foram, por acordo de cúpula, formatadas como sugestões a Dilma, sob argumento de que o programa real da candidata, mais amplo, será fechado com aliados. Na prática, viraram afago nas correntes do partido. “Um doce para as crianças”, resumiu um dirigente.

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As mudanças foram fechadas depois que a maioria dos integrantes da Executiva Nacional reagiu negativamente à proposta de programa apresentada pelo assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Considerada insuficiente, só teve apoio de dirigentes mais próximos do governo. O próprio Garcia então começou a discutir mudanças com correligionários.

O relato ajuda a explicar a contradição entre o que aconteceu na sexta-feira de manhã e, depois, à tarde, no congresso. Mais cedo, a Executiva foi amplamente vitoriosa em todas as vezes em que os textos que propôs foram submetidos a voto. Assim, conseguiu manter a proposta de não nominar os partidos com os quais o PT pretende fazer alianças e a proposição de ter o poder de decidiras alianças nos Estados. Depois do almoço, contudo, a proposta inicial da Executiva para programa de governo foi emendada.

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