Na reta final da campanha, PT e PSDB transformaram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em palco de uma batalha de panfletos. Petistas acusam tucanos de estar por trás da produção de impressos com ataques de religiosos contra a presidenciável Dilma Rousseff. E tucanos foram à Justiça para impedir a circulação de publicações da Central Única dos Trabalhadores (CUT) que promovem a candidata.
O pedido do PSDB foi acolhido ontem por Joelson Dias, ministro do TSE. Ele proibiu que a CUT continue a distribuir um jornal e de divulgar na internet uma revista com textos elogiosos a Dilma e críticos a José Serra (PSDB). O PT, que também conseguiu barrar no TSE a distribuição de panfletos com “propaganda eleitoral negativa”, convocou uma entrevista coletiva à imprensa para apontar supostos vínculos entre o PSDB e a gráfica contratada para produzir parte dos impressos.
O jornal que a CUT não poderá mais distribuir estava disponível no site da entidade até ontem à noite. Na capa há um texto que diz que “eleger a primeira presidente representa um grande avanço, mas é preciso ir além para democratizar as relações de gênero no Brasil”. A publicação do sindicato, editada antes do primeiro turno, procura vincular a eventual eleição de Dilma a conquistas das mulheres. “Para os movimentos sociais, a vitória da candidata petista pode representar o aprofundamento de avanços iniciados pelo governo Lula nos últimos oito anos em temas como o combate à violência contra a mulher.”
Já o material supostamente impresso por tucanos reproduz declaração da Comissão em Defesa da Vida da Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) com recomendação para que os eleitores “deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalização do aborto”.
O panfleto destaca em amarelo diversos trechos do documento com críticas a Dilma e ao PT, a quem a entidade ligada à CNBB atribui a intenção de legalizar o aborto. Dilma e o PT negam que a legalização do procedimento esteja em pauta. Ontem, a Regional Leste 1 da CNBB, que reúne os 21 bispos do Estado do Rio, divulgou nota sugerindo o voto em quem “defendeu e defende o valor da vida desde a sua concepção até o seu término natural com a morte”.