Grupo quer jogar Requião nos braços de Alckmin

Uma fração dos tucanos e uma ala do PMDB retomaram as articulações para um acordo eleitoral no Paraná. O presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, informou ontem que está agendando um encontro com o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, para buscar um entendimento eleitoral entre as duas siglas.

Pela lógica dessa ala peemedebista, o apoio ao pré-candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, pode ter como contrapartida a adesão dos tucanos paranaenses à candidatura do governador Roberto Requião (PSDB) à reeleição.

A abertura de negociação com Jereissati é do conhecimento do governador Roberto Requião, segundo informou Dobrandino. Mas o governador ainda não disse se concorda com a articulação ou se teria disposição de abrir seu palanque ao pré-candidato tucano no Paraná. Os peemedebistas simpáticos a Alckmin sabem que o governador tem resistências ao tucano e este é considerado o principal obstáculo a contornar para que uma aliança nesses moldes possa ser fechada no Estado. "Acho que o governador vai ficar neutro. Não vai apoiar este ou aquele", disse o dirigente peemedebista, que vai começar a conversa com Jereissati confiante de que o PMDB não lance candidato à sucessão presidencial.

O outro empecilho para a aliança tucano-peemedebista no Paraná é a pressão da ala governista do PMDB para apoiar formalmente o projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Neste caso, o PMDB do Paraná estaria impedido pela regra da verticalização das coligações de subir ao palanque de Alckmin.

Mas alguns operadores políticos do governo e Dobrandino consideram que a tendência é de o PMDB não lançar candidato próprio à sucessão de Lula e liberar os estados para que façam suas alianças. Dobrandino disse que, mesmo que Requião se recuse a apoiar Alckmin, se o PMDB nacional não lançar candidato, ele estará ao lado do pré-candidato tucano. E ainda que Requião se decida a apoiar Lula, Dobrandino afirmou que não altera sua posição. "Não sou obrigado a votar em quem ele quer. E ele nem vai exigir de mim esse esforço de votar em um candidato que não quero", comentou.

O encontro entre peemedebistas e Jereissati será realizado ainda esta semana, disse o presidente estadual do PMDB. Ele afirmou que a maioria dos deputados federais e estaduais do partido está propensa a apoiar Alckmin. Mas disse que sua missão é fechar o melhor acordo para o partido no Estado, que faz sua convenção no próximo dia 24. E que poderá conversar com outros partidos, até mesmo o PT. "Eu torço para que tenhamos candidato a presidente. Mas se não tiver, os militantes estarão liberados", reforçou.

O Palácio Iguaçu não quis comentar as declarações do presidente do PMDB.

Boas-vindas

O presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, disse que seu partido não despreza apoios. Mas não respondeu se interessaria ao PSDB o apoio parcial dos peemedebistas no Estado a Alckmin. "Os deputados do PMDB podem ajudar muito na campanha do nosso candidato no Paraná. E esse apoio é bem-vindo. Aqui no nosso Estado, nós não vamos ter o apoio do PT para o Alckmin", desconversou.

O principal defensor da aproximação com os peemedebistas paranaenses no PSDB é o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão. O formato do acordo que se discute nos bastidores envolve a indicação de Brandão para candidato a vice-governador na chapa de Requião. 

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