Uma corrente do governo próxima ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a ideia de que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, se exponha mais no debate em torno do Programa Nacional de Direitos Humanos, com o propósito de amenizar os radicalismos e produzir avanços nesse campo em relação aos textos do governo anterior.
Esse grupo, que conta com assessores presidenciais e ministros do governo, acha que o texto produzido no Ministério da Justiça encampa em alguns pontos o ideário ultrapassado, mas o conjunto da obra poderá ser aproveitado por Dilma até com dividendos políticos. Eles avaliam que o programa, embora tenha “pecado pela abrangência” ao encampar assuntos distantes do debate sobre direitos humanos, trata de pendências históricas importantes, como a Comissão da Verdade.
Nesse contexto, o entendimento é que os participantes da resistência nos anos do regime militar já “pagaram um preço” por suas atividades no período, como a clandestinidade, a prisão e até tortura – caso da própria ministra. “É normal que candidato seja cobrado por tudo”, disse um auxiliar de Lula. “É preciso perguntar para a Dilma sobre o que ela acha do programa.”
Na avaliação desses assessores, a crise dos direitos humanos é um bom começo para o debate eleitoral. “Todos eles, Dilma, Serra e Marina Silva, vão ser a favor da Comissão da Verdade, uma ideia que sairá mais fortalecida da crise”, afirmou o auxiliar de Lula.
A tese avança até um cenário em que os integrantes do governo que participaram da resistência armada prestem testemunho à Comissão da Verdade, sem revanchismo e apenas com uma preocupação de revelar a história para as novas gerações.