Grupo debate destino do prédio onde funcionou Dops no RJ

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio e a Comissão Estadual da Verdade (CEV-RIO) realizaram nesta terça-feira uma audiência pública para debater o destino do prédio onde funcionou o antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no centro do Rio, usado para repressão política e torturas durante a ditadura militar.

Atualmente sob a guarda da Polícia Civil, o espaço está inutilizado pelo menos desde 2008. Consultado pela CEV-RIO sobre a proposta de transformar o prédio em um Espaço de Memória, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos manifestou apoio à iniciativa. O prédio foi tombado em 1987 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC). Na audiência, foi apresentada uma minuta de decreto que vincule o prédio às secretarias estaduais de Cultura e de Assistência Social e Direitos Humanos. Representantes da Polícia Civil defenderam a instalação do Museu da Polícia no local.

“O ex-governador Sergio Cabral (PMDB), no dia da posse da CEV-Rio, fez duas promessas: destinar recursos para fomentar pesquisas que auxiliassem o trabalho da comissão e destinar o prédio para a construção de um centro de memória. Nós queremos que o governo cumpra com a sua palavra. O meu desejo é que a Comissão da Verdade do Rio possa deixar esse legado para o povo brasileiro”, disse Nadine Borges, presidente da comissão.

A comissão elaborou um plano de uso para o lugar. A ideia é, por exemplo, ter um Centro de Referência dos Direitos Humanos, ser a sede do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos e da Comissão de Reparação de Ex-Presos Políticos do Estado do Rio de Janeiro, além de local de armazenamento dos documentos do Dops, que estão abandonados. “A transformação do prédio do Dops é uma luta antiga de ex-presos políticos, de ativistas de direitos humanos e de familiares de mortos e desaparecidos. Mais de 50 entidades da sociedade civil organizada já assinaram o manifesto para transformar o Dops em um marco na defesa e na promoção dos direitos humanos ao construir, naquele local, um memorial da resistência. É preciso que aquele espaço seja ligado à vida”, disse Ana Miranda, que passou nove meses presa no Dops e, na audiência, representou a campanha Ocupa Dops.

Gilbert Stivanello, assessor de Relações Institucionais, assumiu que o prédio não está em boas condições, mas reiterou o desejo de que ali seja criado o Museu da Polícia, para contar os 104 anos da corporação. “O Dops funcionou em apenas uma sala e era gerenciado pelos militares e não pela Polícia Civil. Nós nos envergonhamos do Dops e não temos o intuito de esconder a história, mas precisamos preservar a história da polícia”, disse ele, acompanhado de Fernando Vila Pouca, chefe de gabinete da Polícia Civil.

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