Os partidários da candidatura própria do PFL ao governo vão solicitar à direção nacional do partido que envie uma comissão de observadores para acompanhar a convenção estadual do partido, prevista para o dia 15 deste mês.
Na próxima reunião da executiva nacional do PFL, terça-feira em Brasília, os apoiadores do deputado federal Rafael Greca vão pedir que se discuta a situação do Paraná. O objetivo é convencer a direção nacional a mandar ao Paraná alguns pefelistas de fora do estado, visando prevenir qualquer suposta tentativa de boicote à proposta de Greca, que continua decidido a levar adiante sua pré-candidatura.
Após uma pausa providencial de quinze dias, a executiva estadual do PFL retoma sua reunião semanal nesta segunda-feira com o propósito de tentar demover Greca de submeter sua pré-candidatura ao governo à convenção. Parte da direção estadual acredita que somente o governador Jaime Lerner (PFL) tem alguma chance de impedir o pefelista de disputar a convenção. Greca tem sido refratário a todas as iniciativas visando convencê-lo a concorrer a uma vaga ao Senado.
O deputado já percorreu, em poucos dias, cerca de duzentos municípios, de acordo com os cálculos de sua assessoria, indo em busca dos votos dos quatrocentos delegados do partido à convenção. A maratona de viagens de Greca tem surpreendido pefelistas e tucanos. “Seria importante evitar a disputa. Mas o deputado Rafael está muito determinado e hoje, nós avaliamos que está difícil um entendimento. Nós temos pouco a fazer, neste momento. A cada vez que tentamos interferir, somos mal interpretados e acaba gerando mais atrito. Acho que agora é com o governador mesmo”, disse o ex-secretário da Casa Civil, Alceni Guerra.
Surpresa
O presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), admitiu que se surpreendeu com o trabalho de Greca em defesa da candidatura própria do partido e contra o apoio à pré-candidatura do tucano Beto Richa. “Ele está indo em todos os municípios. Confesso que isso me surpreende”, afirmou Brandão, acrescentando, entretanto, que o roteiro de Greca não ameaça a aliança PFL-PSDB no Paraná. “Até onde sabemos, quem tem a maioria dos delegados na convenção do PFL são os deputados estaduais que estão fechados com a coligação”, comentou.
No início da semana passada, antes de Lerner embarcar para os Estados Unidos, o governador conversou com o presidente estadual do partido, João Elísio Ferraz de Campos, em Curitiba. O assunto foi a pré-candidatura de Greca. Neste final de semana, o dirigente do PFL deve se reunir com o ex-secretário Alceni Guerra para avaliar a situação.
Voto impresso será novidade
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está tomando várias medidas e inovações para a eleição de 6 outubro, entre elas o voto impresso pela urna eletrônica, que será testado pela primeira vez. Atendendo às determinações do presidente do Tribunal, ministro Nelson Jobim, foram tomadas várias medidas para intensificar a segurança e dar mais transparência ao processo eleitoral. Entre elas, Jobim cita a implantação do voto impresso, da votação paralela, a alteração da cabine de votação, a criação do terminal secundário, o envio da urna eletrônica ao exterior e os sistemas de segurança.
Nas eleições deste ano, os eleitores de pelo menos dois municípios de cada Estado poderão visualizar o voto impresso mostrando suas escolhas. Se houver algum erro, ele poderá cancelar o voto e digitar tudo novamente. Persistindo a dúvida, ele terá o direito de votar através da cédula convencional. Das 51 mil urnas eletrônicas compradas este ano, 23 mil serão equipadas com o módulo impressor. Com o sistema, será possível fazer a checagem dos votos em 3% das urnas.
Segurança
Outra medida de segurança adotada é a votação paralela. Um dia antes da eleição, serão sorteadas em cada estado, duas urnas eletrônicas, uma da capital outra do interior, para a digitação de votos preenchidos em cédulas por uma comissão. Ao final do processo, que será todo filmado, o boletim de urna será comparado com os dados da cédula registrados em um micro. Além disso, para garantir que o eleitor não se sinta pressionado na hora de votar, o Tribunal adotará a cabine indevassável que garante total privacidade ao eleitor.
Calcula-se que cada eleitor levará, em média, 1 minuto e 15 segundos para votar nos seis candidatos. Pelo horário estipulado para a votação, das 8 às 17 horas, serão no total 540 minutos, tempo insuficiente para as seções com mais de quinhentos eleitores. São Paulo, por exemplo, tem 15.657 seções nesta situação. Para solucionar o problema e agilizar a votação, será implantado um terminal secundário, permitindo que dois eleitores votem ao mesmo tempo.
Exterior
Os eleitores que estão no exterior votarão na urna eletrônica, pelo menos em cerca de 35 países da Europa, América do Sul e Ásia. Quanto à segurança da urna eletrônica, o sistema de criptografia utilizado será o mesmo da eleição de 2000, com todas as inovações. Os partidos conhecerão a estrutura básica e integração dos sistemas 120 dias antes das eleições. Os programas de computador utilizados para votação e apuração serão apresentados sessenta dias antes do pleito.