Durou cerca de duas horas e meia a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o grupo de coordenação política, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória do governo federal.
Na saída, ninguém falou com a imprensa. Participaram da reunião, Dilma Rousseff (ministra da Casa Civil), Luis Dulci (Secretaria Geral), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Nelson Machado (interino da Fazenda), além do vice-presidente José Alencar.
O presidente retornou hoje ao trabalho após 11 dias de descanso, com a tarefa discutir os assuntos polêmicos neste início de ano: o Programa Nacional dos Direitos Humanos, que tem provocado manifestações contrárias da Igreja, entidades representativas e até de ministros, e a discussão em torno do modelo de caças que serão adquiridos para a Força Aérea Brasileira (FAB).
No projeto FX-2, que envolve a compra de 36 caças e um negócio estimado em R$ 10 bilhões, estão na disputa o Rafale, da companhia francesa Dassault, o F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing, e o sueco Gripen, da Saab.
Relatório preliminar do Comando da Aeronáutica indicou o Gripen como primeira opção, mas será obrigada a ceder à decisão política, em nome de uma parceria estratégica com a França.
Comissão da Verdade
O presidente também tem a tarefa de desatar o nó da Comissão da Verdade, que prevê a investigação dos crimes de tortura durante a ditadura militar (1964-1985). Ele ficou especialmente contrariado ontem ao saber que o secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, afirmou ao jornal “Folha de S.Paulo” que é um “fusível removível” no governo.
Mesmo em férias, Vannuchi ameaçou entregar o cargo caso o programa de direitos humanos seja alterado para permitir a punição a militantes da esquerda. Amigo de Lula há três décadas, Vannuchi é o segundo ministro a ameaçar pedir demissão em menos de um mês.
No fim do ano passado, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, também pôs o cargo à disposição. Ficou ao lado dos comandantes do Exército, general Enzo Martins Peri, e da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, que se rebelaram contra a Comissão da Verdade, considerada “revanchista”, e pedem mudanças no programa de direitos humanos. Na avaliação das Forças Armadas, o plano abre brechas para a revisão da Lei de Anistia.