Um grupo de senadores contrários à atuação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reuniu-se nesta terça-feira, 28, para criar uma frente suprapartidária com o objetivo de barrar a pauta que consideram conservadora em discussão dos deputados. Ao todo, 14 participaram do encontro, realizado no gabinete do líder do PSB na Casa, João Capiberibe (AP), no qual foram traçadas formas de atuação.
A formação do grupo, revelada na semana passada pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, ganhou corpo após o embate travado entre Eduardo Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em torno do projeto que regulamenta a prática da terceirização no País.
O grupo definiu que em breve vai levar a Renan Calheiros uma pauta de atuação. Os senadores também decidiram visitar outros parlamentares a fim de aumentar o número de apoiadores da frente. Querem chegar a pelo menos 30 nomes do grupo.
No encontro, os parlamentares reafirmaram a intenção de discutir em outro ritmo no Senado ao menos quatro iniciativas: além da terceirização, as propostas que tratam da redução da maioridade penal, da flexibilização do porte de armas com mudanças no Estatuto do Desarmamento e a que cria o chamado Estatuto da Família, que determina, entre outros pontos, que apenas a união de um homem e uma mulher pode constituir uma família e restringe a possibilidade de adoção por casais homossexuais. Desses, apenas a terceirização já passou pela Câmara.
“Defender históricas conquistas de direitos dos trabalhadores e da cidadania, obtidos graças à luta de diversos movimentos sociais ao longo de anos, e impedir que eles sofram graves retrocessos, é o objetivo que nos une em torno dessa frente progressista suprapartidária”, afirmou o grupo, ao final do encontro.
“É um contrapeso a essa agenda conservadora da Câmara e vai ter uma grande aceitação”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Estão querendo nos obrigar a regredir em conquistas sociais de décadas”, criticou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que batizou o grupo de “Não Passarão”.
Participaram do encontro, além de Lindbergh, Cristovam e Capiberibe, os senadores Paulo Paim (PT-RS), Telmário Mota (PDT-RR), Hélio José (PSD-DF), Roberto Requião (PMDB-PR), Donizeti Nogueira (PT-TO), Regina Sousa (PT-PI), Lídice da Mata (PSB-BA), Roberto Rocha (PSB-MA), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).