A ex-presidente da Petrobras Graça Foster afirmou em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, na segunda-feira, 19, que tinha uma relação “meio distante” com os ex-diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Serviços) e Jorge Zelada (Internacional), diretores acusados de corrupção na estatal. Ela disse que não desconfiava que eles “procediam mal”.
Graça Foster foi diretora de Gás e Energia da Petrobras entre 24 de setembro de 2007 e 13 de fevereiro de 2012. A partir desta data, quando assumiu a presidência da estatal, ela mudou as diretorias da companhia. A convivência de Graça Foster com os ex-diretores, segundo ela, se dava no âmbito da Diretoria Executiva da Petrobras.
“Não. Eu não tinha desconfiança de que eles procediam mal”, disse Graça ao juiz da Lava Jato. “Eles me tratavam com atenção, generosos, mas era só isso, uma coisa meio distante. Eu não posso falar nada com relação a conhecimento técnico deles.”
Paulo Roberto Costa é um dos delatores do esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. Ele já foi condenado por Moro, mas obteve benefícios por ter firmado acordo de delação premiada. O ex-diretor escancarou o pagamento de propina de grandes empreiteiras do País a políticos.
Renato Duque liderou a diretoria de Serviços da estatal, área estratégica da companhia. Acusado de ter recebido R$ 36,3 milhões em propinas, ele pegou 20 anos de prisão, a mais alta pena já imposta pela Justiça na Lava Jato.
Jorge Zelada é réu em uma ação penal na Lava Jato. Ele é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo o contrato do navio-sonda Titanium Explorer, da Petrobras.
Durante o depoimento em que ela foi arrolada como testemunha de Antonio Campello, executivo da Andrade Gutierrez, Graça elogiou a Operação Lava Jato. “Eu quero agradecer a oportunidade de falar sobre a Petrobras, de estar de frente de Lava Jato, muito orgulhosa de estar frente ao senhor, ainda que a distância. Estou a disposição do senhor, do Ministério Público”, disse a Moro.
“Um processo de tantas denúncias, depois que veio os efeitos da Operação Lava Jato, que eu reconheço como extremamente positivos para a Petrobras, nós fizemos um trabalho de uma investigação interna e várias investigações, criamos a diretoria de compliance, eu entendi que eu deveria sair para não pairar nenhuma dúvida que eu tivesse dificultando qualquer investigação”, continuou a ex-presidente da estatal.
Graça Foster foi questionada pelo Ministério Público Federal sobre as indicações das diretoria da Petrobras. “Na minha diretoria, eu apresentei nomes. A presidente Dilma me pediu: apresente nomes para as diretorias. Eu apresentei nomes de técnicos da Petrobras com os quais eu já tinha trabalhado. Ela aceitou e eu falei isso para o ministro (Guido) Mantega, porque quem aprova os diretores é o presidente do Conselho”, disse. “Diretoria completamente técnica e indicada por mim”, finalizou.