Dizendo-se surpreso com o seu anúncio como futuro secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara conversou com O Estado logo após sua indicação, no encontro de encerramento do programa Empreendedor Rural.

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Disse que assume uma pasta com orçamento comprometido, mas prometeu, ainda em 2011, instalar uma Agência de Defesa Sanitária e preparar o Paraná para voltar a ser livre de aftosa sem vacinação.

O Estado – O senhor participou da equipe de transição e estudou os problemas financeiros que constam no relatório. Para a sua nova pasta, qual é a situação do Estado?

Norberto Ortigara – A proposta orçamentária em exame na Assembleia permite pagar salários e fazer alguma coisinha, quase nada. Para o fundo de aval fundamental, para bancar os investimentos do Pronaf, tem R$ 100 mil e nós queríamos R$ 5 milhões.

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Para o Leite das Crianças, o déficit é de R$ 14 milhões, e queríamos ampliá-lo. Tem pouco recurso para fazer o que tem que ser feito, como apoiar os agricultores, mas vamos fazer os ajustes necessários.

OE – Com esse orçamento engessado, o que poderá fazer já no primeiro ano?

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NO – Criar a Agência de Defesa Sanitária. Nos primeiros dias de janeiro, o governador deve mandar essa mensagem à Assembleia. Vamos preparar nossas barreiras interestaduais para ousar pedir a suspensão da vacinação contra a febre aftosa a partir de novembro.

Vamos fazer sem pressa. O Paraná não tem capacidade técnica nem estrutura de pessoal para suspender a vacinação em maio (data da primeira vacinação de 2011), mas estaremos preparados para na pior das hipóteses suspendermos em maio de 2012.

Vamos fortalecer a capacidade do Estado de prestar assistência técnica, repondo a estrutura da Emater. Vamos mexer nas demais empresas que compõem o sistema da agricultura, eliminando deficiências e até fundindo-as, quem sabe, para reduzir o custeio.

OE – Além dos problemas financeiros, quais questões precisam ser resolvidas na Agricultura?

NO – Questões logísticas. As estradas rurais deficientes subtraem diretamente a renda do agricultor. Agricultura é o único setor da economia que não diz por quanto vai vender.

Ela recebe o preço, já que funciona praticamente como uma concorrência perfeita. Reduzir a sangria do pedágio do bolso do agricultor é um desafio ao governador. No porto, um bom gestor vai recuperar a competitividade em um ano de boa gestão.

OE – Mas essas questões fogem da competência do secretário de Agricultura.

NO – Não são questões da competência do secretário, mas são do alto interesse. E como as deficiências de infraestrutura afetam a agricultura eu vou discutir junto, cobrando e sugerindo alternativas.

OE – Então o senhor vai folhear o contrato do José Richa Filho para saber se constam lá esses compromissos?

NO – Não só vou folhear como vou assinar com ele. Vamos trabalhar em conjunto.

Pepe Richa promete agência reguladora do pedágio

Luciana Cristo

Arquivo
Pepe Richa: supersecretário.

Irmão do governador eleito Beto Richa, José Richa Filho (Pepe Richa) tem pela frente a missão de gerir obras importantes para o Paraná e, em entrevista a O Estado, afirmou que vai implantar uma agência reguladora do pedágio.

Entre os anúncios de secretariado feitos por Beto Richa, uma das principais alterações diz respeito à extinção das secretarias de Obras e dos Transportes, que serão substituídas pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística, comandada por Pepe.

O Estado -, Por que unir as secretarias de Obras e Transportes?

José Richa Filho – O que falta no setor público é integração, para que diferentes secretarias não busquem soluções diversas para um mesmo problema. Vamos trabalhar dentro de uma visão mais moderna. Temos dois grandes eventos batendo à nossa porta (Copa do Mundo e Olimpíadas) e ainda há grandes desafios a serem superados.

Dando uma cara mais atual e unindo as duas secretarias, podemos racionalizar despesas e fazer um planejamento integrado. O Brasil é a bola da vez, desde que faça o dever de casa. O País atravessa um bom momento e podemos capitalizar isso.

OE – Como deve ser o posicionamento em relação ao pedágio, combatido durante os últimos anos pelo governo?

JRF – As concessionárias têm uma ferramenta poderosíssima que é o contrato com o governo estadual de 1998, do qual não tem como escapar. Mas quando as duas partes estão focadas em resolver o problema, a solução fica mais próxima.

Vamos criar uma agência reguladora para o pedágio, com mandatos que não coincidam com o mandato do governante. O trabalho tem que ser estritamente técnico. Com a agência, a secretaria pode planejar outras questões de transportes, não ficar focada no pedágio.

OE – Quais os projetos para os portos e aeroportos do Paraná?

JRF – Vamos fazer dragagem de forma permanente no Porto de Paranaguá, dar atenção às licenças ambientais e ter boa relação com o governo federal. Para os aeroportos, há muitos anos o Paraná não tem um plano diretor estadual e precisamos de agilidade para obras como a construção da terceira pista no Afonso Pena.

OE – Mesmo com a característica rodoviária do País, o que é possível fazer para melhorar as ferrovias do Estado?

JRF – Ferrovia é uma alternativa e se complementa ao modelo rodoviário. É difícil romper com o modelo já implantado, mas dá para avançar, além de parceria com produtores, porque para eles o transporte tem sido determinante no preço dos produtos.